70% dos presos em Paranavaí são por envolvimento com droga

#IMG02Não há como negar que o tráfico e o consumo de drogas estão entre os mais graves problemas da sociedade. Em Paranavaí e região a realidade não é diferente e os números são preocupantes.
A repressão é uma das principais armas utilizadas. Atualmente cerca de 70% das pessoas presas no minipresídio são por envolvimento com o tráfico de drogas. A Polícia Civil já indiciou 43 pessoas somente esse ano por tráfico de drogas e através da Polícia Militar são 174 pessoas indiciadas.
Na área da prevenção, muitas crianças participam do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd).
O Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD) atende em média 250 pessoas mensalmente e a Comunidade Emanuel, desde a sua criação, já tratou mais de 1.200 dependentes.
Para reforçar as ações de prevenção, recentemente a promotora de Saúde Pública de Paranavaí, Suzy Mara de Oliveira, “convocou” diversos segmentos da sociedade para criar um movimento para discutir e buscar soluções para os problemas relacionados às drogas.
MODELO – A região vizinha ao Terminal Urbano é um bom exemplo de como a luta contra a droga pode ser vencida. O local, já chamado de cracolândia em reportagem da TV, hoje vive uma nova realidade. A mudança aconteceu após a instalação de câmeras de videomonitoramento e mais iluminação.
O comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar (8º BPM), Tenente Coronel Antônio Olímpio Ramires Lima, disse que em Paranavaí, e em toda a região, os policiais militares realizam rotineiramente ações ostensivas, abordagens e operações conjuntas para o combate ao tráfico de drogas.
“Desde o início do ano já apreendemos cerca de 150 quilos de drogas em nossa área de atuação. 127 pessoas maiores de idade foram presas por tráfico e consumo de drogas, outros 47 menores também foram detidos pelos mesmos motivos. Para continuar com essas prisões precisamos que a sociedade continue colaborando e fazendo denúncias”, disse Lima.
INTELIGÊNCIA – O delegado chefe da 8ª Subdivisão Policial (8ª SDP), Osmir Ferreira Neves Junior, explicou que o Setor de Inteligência foi o principal responsável pelas apreensões de drogas e prisões de pessoas envolvidas com o tráfico realizadas pela Polícia Civil.
O delegado explicou a 8º SDP se adaptou à nova realidade de ter uma polícia mais técnica e eficiente. Neves Junior falou que no primeiro semestre foram presas, por tráfico, 43 pessoas maiores de idade e quatro adolescentes. A maioria foi investigada durante algum tempo e as provas conseguidas não deixam margem para dúvida para que o Poder Judiciário aplique as sentenças.
“Temos uma equipe de policiais que realmente se empenha. O resultado é o crescente número de pessoas presas e que efetivamente acabam sendo condenadas pelo Poder Judiciário”, falou o Delegado.
MAIS FORTE – A alteração de uma lei nacional dará força para o Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas desempenhar um papel importante no combate ao uso de drogas. Essa é a opinião de Dante Ramos Junior, integrante de uma comissão que está reestruturando o antigo Conselho Municipal Antidrogas.
Junior explica que a intenção do novo conselho será de trabalhar na prevenção, no atendimento ao usuário e no internamento dos necessitados.
Para desenvolver esse papel haverá o credenciamento para que o município tenha participação em diversos projetos oferecidos pelos Governos Federal e Estadual. Pessoas serão capacitadas para trabalhar nas famílias (comunidades organizadas) e nas escolas.
“Estamos nos adaptando legalmente para poder ter acesso a tudo que será oferecido através da Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas. No caso específico de Paranavaí possuímos uma boa estrutura para começar um trabalho que tem tudo para dar certo. Trabalharemos o problema de forma permanente e com o apoio de toda a sociedade iremos encontrar solução para a nossa realidade”, comentou Junior.
CAPS-AD – O enfermeiro Nelson Pereira de Azevedo é o coordenador do Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD) e explica que os homens estão mais expostos às armadilhas das drogas.
Atualmente cerca de 250 pessoas recebem algum tipo de atendimento no local, destas 70% são homens e a grande maioria usa algum tipo de droga associada a bebida alcoólica.
Azevedo diz que o principal trabalho desenvolvido nos dependentes químicos é devolver a autoestima. Para isso uma a equipe multidisciplinar trabalha de forma acolhedora não apenas com o dependente, mas também com a família que tem um papel importante na recuperação.
“Somos referência porque oferecemos oito oficinas ocupacionais e mais o tratamento com médico, psicóloga e assistente social. Além disso, trabalhamos para reinserir as pessoas no mercado de trabalho. Infelizmente existe um grande preconceito e isso não acontece com frequência”, falou o enfermeiro.

Trabalho da Comunidade Católica Emanuel
De todos os serviços desenvolvidos em Paranavaí, o da Comunidade Católica Emanuel, fundada pelo Padre Adão Dias Martins, é o que mais trabalha a desintoxicação, tirando os jovens da mundo das drogas.
Em locais específicos, os “filhos” que decidem se desintoxicar participam de uma rotina que envolve oração, a disciplina e o trabalho. São três passos que em média dura um ano para ser cumprido e que acaba reinserindo os filhos na sociedade.
A psicóloga Milene Marchi Bilieri disse que desde que a Comunidade Emanuel foi criada em 2005 um grupo de voluntários já atendeu cerca de 1.200 pessoas que na maioria das vezes não conseguiram cumprir o desejo de abandonar o vício. Os jovens ficam divididos em três propriedades rurais e não ficam com o tempo ocioso. Lá eles estudam, trabalham e recebem atendimento médico, psicológico e religioso.
“Todos os acolhidos são tratados com amor. Trabalhamos muito os valores da família e a religiosidade. Com isso acabamos quebrando preconceitos e mostrando que DEUS é a única pessoa que pode preencher o vazio que todos temos dentro de nosso peito”, diz a psicóloga.