O OLHAR EXCÊNTRICO

A excentricidade nos acerca por todos os lados e direções. A encontramos no nosso cotidiano, em rodas de conversas informais, em imagens que somos remetidos, na política, na educação e até no comportamento humano. Atualmente, até o ser macho e viril, que jamais se renderia à moda do que é bonito, tem se mostrado mais vaidoso, mais excêntrico. A excentricidade tem levado os mais conservadores a render seus olhares para o novo, para o esquisito que se torna belo. Em nome da excentricidade se realiza sonhos, desejos e até se estimula a ir além do que os próprios pés poderiam levar. É através da excentricidade que nos colocamos em um plano distinto do que nos encontramos, de nossa zona de conforto. Está uma excentricidade usar esta expressão, tão inovadora no momento. Ser diferente, ser causador de olhares e transfigurações dos reais sentidos é ser excêntrico. É excêntrico negar o que está às claras, no direito de expressão, na opinião pública, na delação e na não confissão. É na excentricidade de ser alvo do que nunca se imaginou ser que as pessoas estão se tornando o que sempre negaram. Assumir-se como se identifica, hoje é natural, porém, há tempos atrás – e não me atrevo a dizer quanto -, seria excêntrico, seria ousado, seria grotesco e até inditoso. A liberdade de expressão se tornou excentricidade. A representatividade da opinião alheia se tornou fácil a quem nos representa, seja na política, na sociedade, na família ou no ambiente de trabalho. Não pretendo excentricamente abusar de sua paciência meu caro leitor, não hoje, até mesmo porque sei se você está efetuando esta leitura é porque de fato de interessou por este texto. Saiba que cada palavra, cada ponto e vírgula deste texto é intrinsicamente elaborado para entreter-lhe e lhe causar as reflexões que estes artigos têm o propósito. Por tempos a temática tem povoado meus pensamentos, entretanto só agora ela se apresentou para esta realização. De forma bastante despretensiosa fazer o outro pensar também se torna uma ação excêntrica, visto que, causamos o estranhamento que discutimos na escrita e na leitura. O excêntrico deste texto está nas entrelinhas, mas também pode estar à margem do texto, pode ser as migalhas de pão que João e Maria espalharam pelo caminho e revoltamente o vento entrelaçou-os nos pedregulhos do caminho em direção ao seu destino, ou entre as folhagens da floresta. Ação esta do vento que enganou não apenas aos pequenos, mas também aos pássaros que ao longo do caminho se alimentaram da marcação de ambos. Este é o efeito que as leituras nos causam, nos emaranham o olhar, as ideias e nos confundem. Por esta razão pedimos aos nossos leitores e alunos quando ensinamos leitura, que as faça com cuidado, sem julgamentos de valor. Com as informações que recebemos seja pelas redes sociais ou pessoalmente deveríamos ter este cuidado também, afinal nada mais excêntrico do que propagar o que não estamos certos de sua verdade. Julgo, condeno e aplico a pena a mim mesmo, ao me perceber excêntrico demais. O novo é bom, pode ser belo, mas se for excêntrico demais pode se rechaçar, e naturalmente não ser aceito. Tenhamos mais cuidado e peçamos a proteção, seja ela da forma que for e a quem for de forma excêntrica, diversidade de religiões, ou convencional. Apenas peçamos que tudo e encaminhe da forma mais propícia possível. Que nossos governantes não façam das palavras de Carlota Joaquina, em “Carlota Joaquina- a rainha do Brasil: – Desta terra não levarei nem o pó!”, mas que possam conclamar como Scarlett Ohara em “E o vento levou: – Jamais sentirei fome novamente!”. Que esta fome seja de esperança e não dor, do novo e não da exagerada excentricidade que nos acerca cotidianamente ao sermos informados que não somos mais nação, porque fomos tomados de assalto por aqueles que mais confiávamos, a quem havíamos delegado nossos direitos como cidadãos, como seres humanos e não animais ou peças neste imenso tabuleiro de xadrez. E que este xadrez esteja apenas nas excêntricas estampas das vestimentas do inverso que ora se aproxima, ou na punição daqueles que fizeram causaram e negam sinicamente que tudo isto não passa da opinião excêntrica de alguns.

Colaboração de André Maciel de Oliveira