Pagamento de dívidas é a principal finalidade para quem faz empréstimos

SÃO PAULO – Empréstimos podem ser uma boa estratégia para concretizar grandes planos ou quando é preciso lidar com gastos inesperados. Também podem ser uma forma de lidar com o endividamento – a principal razão observada entre os consumidores brasileiros que recorrem aos empréstimos em bancos e financeiras.
De acordo com uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a principal finalidade do empréstimo pessoal ou consignado é o pagamento de dívidas (37%), como faturas atrasadas no cartão de crédito, prestações não pagas em lojas e até mesmo outros empréstimos adquiridos no passado.
Em segundo lugar aparecem o pagamento de contas básicas, como aluguel, condomínio, luz, telefone e escola (21%). A compra ou troca de um carro (16%), reforma da casa ou apartamento (14%), compra de mantimentos para casa (12%) e a realização de viagens (9%) aparecem em seguida no ranking de motivações.
“Se o objetivo é antecipar o consumo, como, por exemplo, a reforma da casa, o custeio dos estudos ou a troca do carro, é importante que se observe todos os custos financeiros envolvidos e o quanto as parcelas irão comprometer da renda”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
“Como revela a pesquisa, o empréstimo pode também ajudar a quitar outras contas atrasadas, mas desde que as condições do empréstimo sejam mais favoráveis do que as dívidas acumuladas”, afirma.
A pesquisa mostra que 20% dos brasileiros possuem um empréstimo pessoal em banco, 16% um empréstimo consignado, que é descontado diretamente da folha de pagamento, e 9% têm empréstimo feito em financeira. Do total de brasileiros que possuem algum empréstimo, 62% recorreram ao empréstimo pessoal de bancos, 51% buscaram um consignado e 28% recorreram ao empréstimo de financeiras.
Para a economista-chefe, o empréstimo, embora seja uma opção para a quitação de dívidas, não deve ser banalizado. “Contrair um segundo débito para quitar o primeiro faz sentido quando se consegue condições melhores, com juros mais baixos e prazos mais amigáveis, substituindo uma dívida mais cara por outra mais barata”, aconselha Kawauti.
“Porém, é fundamental refletir sobre o próprio comportamento a fim de entender a razão do descontrole financeiro e, se possível, resolver a situação ajustando os gastos. Se a pessoa não se organizar, ao invés de resolver um problema, poderá criar outro ainda maior.”

32% atrasaram parcelas de alguma modalidade de empréstimo
De acordo com o levantamento, os fatores determinantes para a escolha do crédito são as menores taxas de juros (48%) e os menores valores das parcelas (21%).
Por outro lado, 17% alegam não ter muito tempo para pesquisar ou comparar as taxas e juros cobrados e 13% dizem que nem sempre podem escolher, adquirindo o empréstimo para o qual conseguem aprovação, independente da taxa de juros.
A maioria (78%) afirma ter verificado a possibilidade de pagamento das prestações antes do empréstimo. Cerca de 67% dizem estar conseguindo pagar todas as parcelas em dia, enquanto 24% admitem ter atrasado e 9% dizem ainda estar com as parcelas atrasadas.