Remédio para a crise
Rogério J. Lorenzetti*
As vezes me pergunto se o poço dos políticos tem fundo. Quando você pensa que vai terminar a agonia da triste revelação dos bastidores da política nacional, com histórias tenebrosas de financiamento irregular de campanhas, enriquecimento ilícito, desrespeito com a maioria da população trabalhadora e honesta deste país, vêm a tona novas "delações premiadas", mostrando o triste quadro de deterioração que sofrem as instituições brasileiras.
Foi necessário a colaboração de bandidos entregando outros para que a dura realidade da corrupção, seja financiando campanhas, seja promovendo patrimônio a empresas, empresários, políticos, servidores públicos e outras pessoas inescrupulosas, viesse a tona mostrando a falência das nossas instituições e o lado mais perverso da nossa sociedade.
O recurso desviado dos cofres públicos faz falta ao atendimento das necessidades básicas de milhões de brasileiros desassistidos e a muitas empresas e produtores que, com seu trabalho e produção, ainda sustenta a parte boa do Brasil, gerando emprego, renda e impostos que movimentam nossa economia e promovem a paz social.
Com um gosto amargo de um sentimento que "o crime compensa" vemos notórios criminosos e bandidos confessos serem perdoados de seus crimes e alcançando a liberdade de forma plena, alguns mudando seu domicílio para o exterior, podendo usufruir do produto da sua ação delituosa.
Sempre refleti sobre como muitos candidatos, sem terem lastro financeiro para tal, disputavam campanhas milionárias com abundância de recursos e financiadores. Hoje vejo que muitos recorriam a "esquemas" ilícitos para alcançar seus objetivos, o que levou a uma distorção grave no nosso sistema democrático.
Mas como tudo na vida tem um fim, vamos continuar refletindo nas qualidades que gostaríamos de ver nos nossos próximos representantes a serem eleitos. O remédio para a crise é mais democracia. Eleições em todos os níveis se fazem, mais que nunca, necessárias.
A pesquisa na internet e a presença dos eventuais candidatos nas redes sociais deve ser analisada, assim como seu comportamento perante a sociedade, seja como pessoa pública ou privada.
Esta fase difícil que nosso país enfrenta terá um fim e, apesar das sequelas deixadas, vamos juntos reconstruir um Brasil melhor, onde a honestidade de propósitos e a solidariedade aos mais vulneráveis seja acompanhada de gestões eficientes do recurso público pelos executivos nacionais, promovendo o desenvolvimento e o bem-estar à sociedade.
*Rogério J. Lorenzetti, ex-prefeito de Paranavaí, período de 2009/2016