O MODO DE JESUS OLHAR AS PESSOAS

Conhece aquela dinâmica de pegar uma nota de R$ 100,00 e apresentar para a plateia e perguntar: qual o valor dessa nota? Todos respondem R$ 100,00. Ele amassa a nota e pergunta: Agora, qual o valor dela amassada? Todos dizem R$ 100,00. Depois ele joga no chão e pisa em cima e apresenta perguntando pelo valor e todos continuam dizendo que ela ainda é de R$ 100,00.
Muito bem. A partir dessa dinâmica, fiz uma reflexão sobre o texto de Jo 4,4-42. Jesus encontra-se com uma mulher samaritana junto ao poço de Jacó em Sicar, Samaria. Começa me chamar a atenção sobre como as pessoas olham para a mulher. A mulher judaica já é vista como inferior ao homem e pior ainda era o desprezo para as samaritanas. Um judeu nunca deveria dirigir sua palavra a uma mulher samaritana. Esse é o primeiro olhar sobre essa mulher que se encontrou com Jesus. O segundo olhar é o dos apóstolos, que ao voltarem da cidade onde foram comprar alimentos, ficam admirados que Jesus estivesse falando com uma mulher. Logo um olhar de humilhação ou de diminuição. O terceiro olhar é o da própria mulher sobre si mesma. Não se acha merecedora de um judeu estar falando com ela. Já internalizou a crença de sua condição. Para esses três olhares a nota de R$ 100,00 amassada, pisada, suja…, não tem mais o mesmo valor.
Somente Jesus ignora todo preconceito e mantém o mesmo valor. Para Jesus essa mulher “vale ainda R$ 100,00”, ou seja, não importa o que ela tenha vivido ou vive, se errou em sua vida ou está vivendo numa condição fora da lei. O importante é que o único olhar capaz de recuperar essa mulher é o olhar de Jesus. Esse olhar de Jesus revela como Deus olha para cada um de nós.
Na parábola do pai com dois filhos e o mais novo sai de casa com a herança e volta sem nada, o irmão mais velho já não olha mais ele como seu irmão, mas o pai (Deus) continuou olhando para ele como seu filho e restitui toda sua dignidade de filho. 
No episódio da Madalena, pega cometendo adultério, colocada diante de Jesus e dos olhares condenatórios dos mestres da Lei e dos fariseus, Jesus olha com um olhar de cura e libertação, de acolhimento e de perdão.
Jesus ao passar, olha para cima e vê Zaqueu trepado na árvore para vê-Lo passar, se oferece para ficar na casa dele. Para os judeus Ele foi se hospedar na casa de um pecador público. Para Jesus, Zaqueu também é um filho de Abraão.
Qual o nosso olhar para as pessoas? Muda de acordo com a cor, religião, condição social, gênero, homo/hetero, pecador/”santo”, praticante ou não, crente/ateu….? Infelizmente nossa sociedade é discriminatória, cheia de preconceito e seletiva. Desenvolvemos muito mais o julgamento, a condenação que a acolhida, a compreensão e o perdão.
 
“QUEM NÃO TEM PECADO, ATIRE A PRIMEIRA PEDRA”
Colaboração de Josué Ghizoni