O significado do Dia Internacional da Mulher

*Maria Inez Barboza Marques
Em 08 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher em todo o mundo. Em 2017, mais de 40 países se mobilizam para rememorar a data. Mas afinal, por que essa data deve ser lembrada? 
Existem motivos ligados a história da luta e protagonismo das mulheres em diferentes âmbitos. Na essência, a data pode ser considerada como lembrança de uma série de conquistas de direitos dos movimentos de mulheres e movimentos feministas.
Mas, no geral, associa-se a data a equívocos que a história vem registrando há séculos. A história mais conhecida, é que, em 8 de março de 1857, 129 operárias morreram carbonizadas em um incêndio ocorrido nas instalações de uma fábrica têxtil na cidade de Nova York. 
O incêndio ocorrido nessa fábrica teria sido provocado pelo seu proprietário, como forma de repressão à greve das operárias. Os diferentes meios de comunicação informam que o tal patrão teria trancado suas funcionárias na fábrica e ateado fogo. Essa história, contudo, é refutada pelos estudos científicos realizados posteriormente,
Estudos posteriores, registram que houve sim um incêndio em uma fábrica de tecidos em Nova York, mas ele aconteceu em março de 1911, na empresa Triangle Shirtwaist. Esse incêndio vitimou 146 pessoas, sendo 125 mulheres e 21 homens. Os registros históricos dão conta que as causas desse incêndio estavam relacionadas às péssimas condições das instalações elétricas da fábrica e outros fatores, como a presença de tecidos no local. 
Os registros históricos evidenciam também, que um ano antes do acidente ocorrido na Triangle Shirtwaist, em 1910, na cidade de Copenhague, ocorreu o II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas. 
Foi nesse evento então, que Clara Zetkin, membro do Partido Comunista Alemão, propôs a criação de um Dia Internacional da Mulher, mas não teria sido definido na ocasião.
Somente em 1921, na 3ª Conferência das Mulheres Comunistas, ficou decidido pela comemoração do Dia Internacional das Mulheres. Foi decretado então, que a partir de 1922, seria celebrado oficialmente em 8 de Março.
No entanto, aproximadamente 50 anos depois, a Organização das Nações Unidas (ONU), decretou a década da mulher, de 1975 a 1985. E, em 1977, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) encampou a data 8 de março como Dia da Mulher, repetindo a versão das 129 mulheres queimadas vivas em 1857, o que na verdade, pode ser considerado um mito construído sem fundamentação oficial ou científica.
Em síntese, o Dia Internacional da Mulher tem como gênese a luta das mulheres socialistas, e na prática, não existe somente para ser comemorado, pelo contrário, em vários países, são realizadas mobilizações e eventos que têm como objetivo discutir o lugar das mulheres na sociedade atual, pois essas ainda sofrem com a desigualdade social, política e econômica que rege a construção sociocultural que omitiu suas lutas, ressaltando somente um papel de subserviência, como vítimas da história, o que na verdade, não é procedente nem condiz com os fatos.
*Professora Doutora Maria Inez Barboza Marques – Docente no Curso de Serviço Social da UNESPAR/Campus Paranavaí/PR. Coordenadora do Grupo de Pesquisa Gênero, Trabalho e Políticas Públicas (CNPQ) e do Núcleo de Educação para Relações de Gênero (NERG) da UNESPAR/Campus Paranavaí/PR. Atualmente também atua como vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Paranavaí/PR