Voo estava irregular desde o início, diz jornal
O plano de voo da aeronave Avro RJ85, que transportava o time da Chapecoense, estava irregular desde o início. Segundo o documento, publicado ontem pelo jornal boliviano "El Deber", o piloto informou que o tempo previsto para o voo era de 4 horas e 22 minutos. Em outro campo do plano de voo, o piloto ainda informa que a capacidade da aeronave é voar exatamente de 4 horas e 22 minutos.
"Ele não teve nem o trabalho de mentir no plano de voo", comentou à Folha de S. Paulo um oficial de alta patente da Aeronáutica brasileira ao analisar o plano de voo.
Levando em conta essas informações, não haveria margem alguma de segurança quanto ao consumo de combustível ao longo da viagem. A principal hipótese investigada é de que, ao ser orientado a voar em círculos devido o tráfego aéreo em Medellín, na Colômbia, o avião ficou sem combustível.
O plano não considerava escalas para abastecimento no meio do trajeto.
Segundo a lei boliviana, um voo deve ter combustível suficiente para chegar a seu aeroporto de destino, mudar de rota para um segundo aeroporto e ainda voar por pelo menos 45 minutos. De acordo com as autoridades colombianas, no entanto, o avião da LaMia não tinha nem mesmo combustível para ir até o seu aeroporto de apoio, que seria em Bogotá, capital da Colômbia.
Segundo o jornal boliviano, a Aasana (autoridade boliviana de aviação) questionou cinco pontos do plano de voo. Mas a entidade teria sido convencida por um funcionário da LaMia que o voo seria seguro. Miguel Quiroga, que morreu no acidente, é um dos donos da empresa LaMia e assina o plano de voo.