Brasil pode aumentar produção de raiz e fécula de mandioca, diz presidente da FIMAN
O Brasil produziu no ano passado 28,5 milhões de toneladas de mandioca. No período (2015) a indústria produziu 763 mil toneladas de fécula da raiz, agregando valor à produção. A Tailândia, que planta mandioca há apenas meio século, com manivas importadas do Brasil, tem a mesma produção do tubérculo, mas produz fécula 10 vezes mais que o Brasil e é o maior exportador mundial do amido de mandioca e derivados.
A informação é do industrial Maurício Gehlen, presidente da Feira Internacional de Mandioca (FIMAN), que começa na próxima terça-feira (dia 22) e vai até quinta (24), no Parque de Exposições Costa e Silva, em Paranavaí, no Noroeste do Paraná.
O setor tem grande potencial de crescimento com a conquista de novos mercados. Para Gehlen, a confirmação de que 15 delegações estrangeiras estarão presentes na Feira é “a maior demonstração que o mundo quer comprar a fécula brasileira, que tem melhor qualidade do que outros países produtores”. Ele vai além: O mundo ainda não conhece a farinha de mandioca. Poucos países conhecem o produto. E as indústrias de farinha têm investido em novos produtos, como as farofas temperadas, por exemplo. “Então temos a fécula e a farinha de mandioca para oferecer para o mundo”.
Alimentos à base de mandioca têm conquistado mercado por se tratar de um produto sem glúten, que hoje tem um apelo global. “É isso que estamos oferecendo”, anima-se o industrial.
DESCONFIANÇA – Gehlen diz que o mercado mundial ainda vê o Brasil com alguma desconfiança decorrente da forte oscilação de preço da fécula. A Tailândia, por exemplo, mantém há anos o preço médio de 350 dólares a tonelada. Atualmente a cotação está em 325 dólares, enquanto o Brasil está vendendo a 650 dólares a tonelada. Mas por aqui o preço já chegou a 700 dólares e também teve queda a 200 dólares. “Isto afugenta o comprador”, diz o presidente da FIMAN.
As fortes oscilações são decorrentes da falta de equilíbrio e estabilidade nas relações comerciais entre os produtores de raiz e as indústrias, analisa o industrial. Segundo ele, há uma relação que precisa ser aperfeiçoada, pois quando o homem do campo está tendo bons resultados financeiros não significa que a indústria também esteja lucrando ou vice versa. E até mesmo o consumidor perde com esta instabilidade.
“O Brasil pode produzir mais a raiz e industrializar a produção. O mercado mundial está ávido pela fécula brasileira que tem qualidade superior ao resto do mundo”, afirma, categoricamente. Mas adverte que o produtor de raiz e a indústria tem que conversar mais para evitar superprodução ou escassez de matéria prima, provocando a instabilidade nos preços, que amedronta o mercado externo. “Como pode um mercado mundial trabalhar com uma oscilação enorme numa moeda relativamente estável?”, questiona Gehlen, lembrando que a história mostra que o preço da tonelada de raiz já oscilou no Brasil entre 17 e 300 dólares (a cotação atual é de 130 dólares).
Se o mercado brasileiro de fécula de mandioca mantiver estabilidade de preços “não há dúvidas” de que os importadores de fécula darão preferência para o Brasil. “A Europa, os Estados Unidos, a África e outros países querem comprar a nossa fécula para as mais diversas aplicações”, garante o industrial.
A FEIRA – Despertar produtores e industriais para a necessidade de se encontrar o equilíbrio nas relações comerciais entre ambos e de que há um grande mercado a ser conquistado pela farinha, pela fécula de mandioca e derivados são algumas das metas da FIMAN.
“Temos que despertar o segmento a fortalecer as parcerias, a ser mais ousado. Temos que acabar com este sentimento de inferioridade muito forte ainda no setor em relação a outros produtos, vendo e conhecendo novas tecnologias e acreditando que temos um produto de qualidade para oferecer para o mundo. É isso que vamos fazer na Feira”, sustenta Gehlen, acreditando que do evento poderão ser formados joint ventures entre empresas nacionais e estrangeiras, agregando valor à produção.
“Este é um processo que está começando, que demanda tempo. Em 2018, entre os dias 20 e 22, vamos realizar uma segunda edição da Feira, também de nível internacional para continuar o trabalho. Será uma Feira ainda melhor organizada, pois certamente vamos poder corrigir os erros que eventualmente aparecerão nesta primeira edição”, anuncia o presidente.
A Feira é uma realização do SIMP e conta com o apoio da Associação Brasileira de Produtores de Amido de Mandioca (ABAM), Sistema FIEP, Prefeitura de Paranavaí, Centro Tecnológico da Mandioca (CETEM), Sebrae, Sociedade Rural do Noroeste do Paraná e Sindicato Rural de Paranavaí. A organização está a cargo da Combo ADN – Planejamento e Organização de Eventos Especiais.
A visitação à Feira é gratuita, mas deve ser feito cadastro preferencialmente antecipado no site www.fiman.com.br