A FORÇA QUE VEM PELO VOTO!

ROBERTO FERREIRA FILHO*

Neste período eleitoral, de maneira ainda mais especial, recordo-me, com imensa saudade e alegria, das eleições das quais pude participar, quer como candidato, quer como então presidente do PDT, quer como apoiador ou mesmo como eleitor.
Me vêm à memória os comícios em Paranavaí, os debates, as reuniões, as expectativas pela divulgação de pesquisas, a crença em possíveis viradas, a alegria ou mesmo a momentânea decepção pelo resultado das urnas, mas tudo servindo como eterno aprendizado sobre a importância da participação cívica e democrática, que a nós, brasileiros, muito custou para que fosse reconquistada.
Os caminhos que a vida me proporcionou não me afastaram, absolutamente, da preocupação com o destino da minha terra natal, e, justamente por isso, mesmo que à distância (distância geográfica e distância “legal” a
que o cargo de juiz me obriga), tenho acompanhado, diariamente, a campanha eleitoral em Paranavaí, rogando a Deus que a cidade seja confiada a bons administradores e a valorosos legisladores.
Vale dizer que nas eleições deste ano está em pauta, dentre outros temas, a saudável preocupação de autoridades do Estado, de alguns partidos políticos e candidatos e, sobretudo, dos eleitores, com a chamada “campanha limpa”, com o “combate ao caixa dois”, à compra de votos, ao abuso de poder político e econômico e tudo aquilo que possa, de uma ou de outra forma, macular a transparência na conquista legítima do apoio do eleitorado.
Tudo isto vem em sequência à mudança de paradigma que teve impulso com o advento da já popular “lei da ficha limpa”, que permitiu, em parte, que alguns candidatos de índole ao menos duvidosa (muitos, é fato, que ainda não foram definitivamente julgados) fossem afastados do processo político.
Sem dúvida esta mudança é louvável, como também o é a maturidade que todos nós, eleitores, que somos os verdadeiros detentores do poder político no Brasil (artigo 1º, parágrafo único, da Constituição Federal), estamos adquirindo a cada eleição, nos interessando e participando cada vez mais dos destinos do nosso país, dos nossos estados e dos nossos municípios, nos livrando da dura advertência feita por Bertold Brecht quando fala do “analfabeto político”, que é, em resumo, aquele que, equivocadamente, “estufa o peito para dizer que não gosta de política, sem sequer se atentar que sua vida, seu trabalho, o futuro de sua família passa, invariavelmente, também por esta atividade própria da democracia”.
Importante que o eleitor continue neste processo de amadurecimento cívico. Que tenha a exata noção de que em uma democracia, por mais imperfeita que ela possa ser, tal como já esclarecia Winston Churchill, todos, indistintamente, não importando sua ideologia, sua classe social, seu credo, sua filosofia de vida, tem exatamente o mesmo valor, a mesma força e a mesma possibilidade de influir no processo político, ou seja, são, no momento da escolha de seus representantes, efetivamente iguais.
É, portanto, o próprio eleitor que PODE e DEVE decidir, determinar, enfim, quem possui ou não conduta ética e capacidade suficiente para exercer o poder que dele emana.
Ora, se o eleitor tem conhecimento – é sua obrigação, antes de votar, se informar a respeito – do histórico, dos compromissos e do preparo ou não de determinado candidato, tem a obrigação, consigo mesmo e com toda a sociedade, de não possibilitar, por meio do seu voto, a eleição de quem não é digno ou capaz o suficiente para representá-lo.
As eleições, o livre exercício da cidadania, devem ser levadas a sério, mesmo porque não há “cláusula de arrependimento”, posto que o candidato democraticamente eleito, seja quem for, salvo as raríssimas exceções de perda do cargo, atuará até o término do mandato para o qual foi eleito pelo POVO.
É preciso, enfim, não olvidar que no Brasil e em qualquer Estado Democrático de Direito ninguém nasce político, nasce Senador, Deputado, Vereador, Prefeito, Governador ou Presidente. Todos eles, indistintamente, foram e são eleitos por nós e, justamente por isso, exercendo com responsabilidade este nosso dever cívico, a chance de posterior arrependimento diminui sensivelmente.
Cuida salientar, outrossim, que os políticos, tal como ocorre em qualquer outra atividade humana, NÃO SÃO TODOS IGUAIS! Existe muita gente séria, digna, responsável e preparada para bem nos representar.
Compete a cada um de nós e a mais ninguém fazer a devida distinção entre os políticos sérios e os não sérios; entre os éticos e os não éticos; entre os dignos e os não dignos.
Portanto, não há desculpas! A responsabilidade para bem escolher os candidatos a serem eleitos é nossa, é do eleitor, é do dono do poder!
Exerçamos, pois, com enorme senso de responsabilidade este nosso relevantíssimo papel democrático!
Bons votos a todos!
*Roberto Ferreira Filho é Juiz de Direito da Comarca de Campo Grande e coordenador do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) de Campo Grande, liderado pela CRJP (Comissão Regional Justiça e Paz) da Arquidiocese de Campo Grande-MS