A escola sem partido ou ideologização
Nesse momento em que se presencia a escola convulsionada por manifestações, ocupações, greves intermináveis e outros eventos que interferem na sua produção e, principalmente, no aprendizado dos alunos, deparamos com o movimento “Escola Sem Partido”.
Professores, pais, alunos e comunidade abrem luta contra a ideologização presente nas salas de aula e defendida por muitos como pressuposto da democracia. Do outro lado, mestres, alunos e especialmente instituições que gravitam em torno do ensino defendem o ensino ideologizado como decorrência da liberdade de expressão.
O tema é controverso, tanto que está mobilizando áreas específicas, como a Comissão de Educação do Senado, que procura ouvir os segmentos.
Não é nova a reclamação de pais e até de alunos quanto à contaminação ideológica nas salas de aula. É comum a justificativa de que os governos militares já faziam isso, através da OSPB (Organização Social e Política Brasileira) e da EMC (Educação Moral e Civica), disciplinas específicas que criaram para impingir ao alunado seus conceitos ideológicos.
Mas não dá para ignorar que na redemocratização houve a virada da moeda e, em vez dos conceitos de direita impostos aos estudantes do período 64-85, partiu-se para a difusão dos da esquerda.
Alguns conceituam que a escola é a casa de formação do jovem para enfrentar o futuro e, como tal, também deve ensinar política. Pode até ser, mas aí é que mora o perigo. Uma coisa é ensinar política e outra é doutrinar. Por mais ideológico que seja em suas convicções, o professor não deve usar o seu direito de cátedra para transmitir suas idéias e posições políticas (independente de sua ideologia) aos alunos.
O melhor que ele pode fazer, quando for tratar de política, é procurar a isenção, informando o aluno sobre as diferentes vertentes para que, bem informado, ele, na hora certa e conforme o seu interesse, pegue livremente o seu caminho. É algo difícil, mas é o ideal.
Todo extremismo é prejudicial, mesmo quando bem intencionado. Da mesma forma que se encara como indevidas as aulas de moral e civismo impostas pela ditadura, também devem ser vistas como impróprias as de cubanização, desobediência civil e ativismos que hoje se tem notícia.
Cada professor deve observar o currículo de sua responsabilidade e aplicá-lo e, da mesma forma, as autoridades e formadores do ensino têm o dever de preparar currículos que eduquem a todos. E os que quiserem enveredar pela política ou ativismo social, que o façam no partidos políticos, nas associações, mas nunca na sala de aula…
*Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)