Amendoim pode ser alternativa interessante para quem deseja diversificar a produção

O amendoim é considerado uma cultura de pouca expressão econômica no Paraná, porém, sua presença é uma constante, principalmente nesta época do ano quando nos aproximamos das festas juninas, onde as paçocas, pés de moleque e outras iguarias tem lugar garantido ao lado do quentão, do pinhão e das quadrilhas.
Apesar de passar quase despercebido quando o assunto é agronegócio, o consumo de amendoim vem crescendo no Brasil, bem como suas exportações. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) no intervalo entre 2010 e 2015 o consumo interno cresceu mais de 13%, e as exportações impressionantes 244,4%. Dentre os principais destinos do amendoim brasileiro estão o Peru, a Venezuela e a Itália.
No Paraná, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) a cultura ocupa atualmente uma área de 1.900 hectares, uma redução de 13% em relação à área ocupada em 2015, que foi de 2.180 ha. A produção estimada para a safra atual é de 4.800 toneladas, volume 9% menor do que o que foi colhido ano passado, 5.300 ton.
Essa redução na área destinada ao amendoim pode tem explicações sazonais e de mercado. Na opinião do produtor rural Aguinaldo Fuline, proprietário de uma cerealista em Tupãssi (região Oeste), a expectativa de bons ganhos com a soja fez com quem muitos produtores de amendoim migrassem para a oleaginosa nesta safra de verão. Como a época de plantio do amendoim é setembro, as culturas concorrem entre si.
Na região de Tupãssi a espécie cultivada é o amendoim cavalo, que tem um ciclo de sete meses, considerado longo pelos produtores. “Fica sete meses na terra comendo o dinheiro da gente”, reclama Fuline.
Segundo ele, na sua região já houve mais de 60 mil hectares destinados ao amendoim, mas, este ano, a cultura conta com cerca de 50 hectares apenas. Um hectare de amendoim cavalo rende cerca de 200 sacas de 25 kg, segundo ele.
Em sua cerealista, Fuline recebe a produção local e vende para fabricantes de doces em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Curitiba. Quando a produção falta no Paraná, ele busca em São Paulo, maior produtor nacional. Este ano, ele mesmo não vai plantar, pois está investindo em novas máquinas para a empresa.
EM PARANAVAÍ – Apesar de contar com quatro cerealistas que trabalham com amendoim, Tupãssi não aparece no radar econômico da atividade. De acordo com o Deral, a produção paranaense se concentra na região de Paranavaí, que responde por 50% do amendoim produzido no Estado.
Essa concentração se explica pela relação que a leguminosa tem com a cana-de-açúcar, que é cultivada amplamente na região. É comum o amendoim ser utilizado na rotação de cultura da cana-de-açúcar.
Os canaviais têm uma vida útil de cerca de cinco anos de produção. Após esse período ele deve ser derrubado e plantado novamente. No intervalo é comum que produtores e usinas utilizem o amendoim como uma espécie de “adubo verde”, pois melhora as condições físicas e químicas do solo. Ajuda a fixar nitrogênio e facilita o enraizamento posterior da cana.
Como é uma cultura de verão, ele protege o solo das chuvas e não atrapalha o ciclo próprio da cana, que começa a ser plantada em meados de maio – é colhido antes disso, entre fevereiro e abril.
Essa é a estratégia do produtor Luiz Aparecido Ereno, de Paranavaí. Há 10 anos na atividade, ele pretende cultivar este ano mais de 700 hectares de amendoim, que são plantados na entressafra das parcelas dos canaviais.
Diferente do produtor de Tupãssi, ele cultiva a variedade chamada runner, que tem ciclo mais rápido, de 120 dias. A produtividade esperada é de cerca de 200 sacas de 25 kg por hectare. A produção é toda direcionada para indústrias de doce e empacotadoras. (Fonte: FAEP)