Casos de greening dobram no Paraná
Segundo o coordenador de Sanidade da Citricultura da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), José Croce Filho, nas regiões onde o índice de plantas contaminadas era de 5% em 2015, hoje é de 10%. Onde era de 9%, saltou para mais de 15%.
“A Adapar registrou nestes cinco primeiros meses de 2016 mais notificações do que todo o ano de 2015”, observa. Segundo Croce Filho, o aumento expressivo no número de plantas doentes no Estado não se deve somente a alguma epidemia, mas sim à mentalidade de alguns produtores, que têm priorizado seus lucros imediatos em detrimento da sobrevivência futura de seus pomares.
“O citricultor do Paraná tem abandonado a eliminação de plantas doentes, está tomando o mesmo caminho errado que fizeram os produtores da Flórida (nos Estados Unidos) e de São Paulo”, observa, referindo-se à prática de “esconder” do órgão fiscalizador a existência de árvores doentes e assim aproveitar por um curto espaço de tempo a produtividade destas plantas, que encolhe ano a ano até chegar a zero.
“Ele varre para baixo do tapete agora, mas vai pagar muito caro quando o reflexo disso aparecer, em 2017”, avalia.
Uma das dificuldades do combate ao greening é que se trata de uma doença silenciosa. Um pé de laranja infectado só começará a perder frutos de forma significativa depois de três anos, nesse meio tempo o inseto vetor responsável pela sua transmissão – o psilídeo –, já terá contaminado diversas outras plantas sadias ao redor.
De 2007 para cá o Paraná perdeu 2,5 milhões de árvores de laranja. Deste total, cerca de 30% corresponde a abandono ou desinteresse.
“São aqueles produtores que saíram da atividade por conta de preço ou de outros fatores”, explica Croce Filho. O restante, que corresponde a cerca de 1.750.000 de árvores, tiveram que ser erradicadas por conta do greening.
Por outro lado, produtores que continuam a eliminar plantas doentes e a controlar o inseto vetor, vem ampliando a área de seus pomares e até plantado novas áreas, tanto na região do Norte velho como na região do arenito do Noroeste, apostando na melhora dos preços do produto, para se manter na atividade.
Calcula-se que para cada planta identificada como portadora da doença, existam mais três infectadas. Desse modo, quando o percentual de plantas doentes chega a 28% todo o pomar deve ser derrubado para evitar a propagação do greening.
Segundo Croce Filho, atualmente muitos produtores estão deixando de entregar à Adapar os relatórios com o número de árvores infectadas na esperança de aproveitar os últimos suspiros de produção destas plantas. A penalidade para quem não entrega o relatório é multa proporcional ao tamanho do pomar, uma média de R$ 100,00 para cada mil árvores. (da Revista do Sistema Faep)
Alerta
Como se trata de uma doença sem cura, uma das estratégias para manter o greening afastado reside no combate ao seu transmissor, o psilídeo. Uma iniciativa que vem se mostrando bastante positiva nesse caminho é o sistema de Alerta Fitossanitário, vem sendo desenvolvido em São Paulo e parte de Minas Gerais pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus).
O trabalho consiste num monitoramento constante da presença do psilídeo nos pomares através de armadilhas instaladas na periferia das propriedades, por onde o inseto entraria. Quando é identificada uma tendência de aumento da população do psilídeo em determinada área, é emitido um alerta geral para que as propriedades da região realizem uma pulverização conjunta.
Com isso, evita-se que o inseto migre de uma região pulverizada para outra sem pulverização. Hoje integram esse sistema 26 mil armadilhas georreferenciadas para coleta de informações. Destas, 19 mil foram instaladas por citricultores para monitorar as bordas dos pomares. O restante foi instalado pelo próprio Fundecitrus para cobrir outras áreas.
Guerra de insetos
Paralelo ao Alerta Fitossanitário, em outro front da guerra contra o greening tem como arma o controle biológico. Um exército de vespas produzidas em laboratório vem sendo usado para combater o psilídeo.
No início do ano passado foi inaugurado em Araraquara (SP) um laboratório do Fundecitrus com capacidade de produzir 100 mil vespas da espécie Tamarixia radiata, inimiga natural do psilídeo.
Seguindo a mesma linha, em maio desse ano foi assinado no Paraná uma parceria público-privada para a implantação de duas biofábricas desta vespa no Estado, uma no polo do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) em Paranavaí e outra na sede do Iapar em Londrina, ambas grandes regiões produtoras de laranja.
O acordo de cooperação envolve o Iapar, Cooperativa Agroindustrial de Maringá (Cocamar), a Citri Agroindustrial S.A. de Mandaguari e a Fapeagro (Fundação de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento do Agronegócio).
A estratégia é soltar as Tamarixias em regiões próximas aos pomares, como chácaras, pomares abandonados e áreas urbanas. Essa é uma ação complementar que deve ser utilizada para reforçar o combate ao psilídeo.