É possível colher um produto de qualidade na região

“É possível colher café de qualidade no norte e noroeste do Paraná”, afirmou Roberto Thomaziello, também pesquisador do IAC, ao falar sobre as principais práticas de pré e pós-colheita que afetam a qualidade do grão. Mas ele destacou que o produtor deve se preocupar tanto com a qualidade quanto com a produtividade.
“O que vai dar dinheiro é a tulha cheia. É importante a qualidade desde que não perca produtividade”, ressaltou. “Mesmo não tendo a altitude ideal, a condição de clima é boa, assim como os solos. O que mais pega na região é a ocorrência de chuvas na colheita. O segredo é dominar a prática da secagem do café”, disse.
Thomaziello lembrou ainda que a umidade favorece a ocorrência de pragas e doenças que comprometem a qualidade dos grãos e que o produtor tem que ficar atento ainda a quantidade de grãos verdes no início da colheita.
EVITAR DEFEITOS – “Para ser considerado de qualidade, o café tem que ter boa origem genética e os materiais plantados pelos produtores da região é de alta qualidade e produtividade”, disse.
Então, acrescentou, é cuidar para não ter defeitos capitais (coloração não uniforme, aroma estranho, azedo ou mofo, verde, riado, etc.), ter boa bebida, cor uniforme, boa seca e aspecto e 11% de umidade.
O pesquisador do IAC citou ainda que o cafeicultor precisa começar a pensar em qualidade de café dentro de um conceito mais moderno, que vai muito além da classificação de duro, mole ou riado.
“Atualmente, avalia-se vários aspectos do café, como aroma, sabor, corpo, acidez, doçura, sabor residual, adstringência, amargor, equilíbrio, qualidade global e outros, pontuando cada um e somando para determinar a qualidade”, afirmou.

Colher verde é perder dinheiro

“Quem colhe café verde, perde não só qualidade, mas também em produtividade. Perde dinheiro dos dois lados”, afirmou Roberto Thomaziello.
Dados apresentados pelo pesquisador do IAC mostram que quando a colheita é iniciada com 8% dos grãos em começo de maturação, a cada 100 sacas, há uma perda de 22 só com o peso dos grãos e ainda leva em média 28 dias para secar.
Isso significa que, considerando R$ 260,00 o preço pago pela saca de 40 kg, isso significa que o produtor deixou de ganhar R$ 5.720,00, só por colher antes da hora.
Com 34% dos grãos em início de maturação, a perda devido ao peso é de 12,5 sacas a cada 100, somando um prejuízo de R$ 3.250,00 e gastando um tempo médio de secagem de 21 dias. No estágio verde-cana, com 61% dos grãos em início de maturação, a perda de peso cai para sete sacas, ou R$ 1.960,00, e o tempo média de secagem para 15 dias.
Só quando a colheita é feita com os grãos maduros é que não há perdas e o tempo médio de secagem é de 10 dias. “É claro que não tem como colher o café com todo grão cereja, mas o produtor precisa iniciar o trabalho com o mínimo possível de grãos verdes”, recomendou.

Orientações para ter um bom café

– Altitude acima de 900 a 1,1 mil metros ajuda, mas não é essencial
– Boa nutrição e controle de pragas e doenças
– Não começar a colheita com porcentagens altas de frutos verdes
– Derriça no pano ou colheita mecânica é importante
– Não misturar o café colhido com o de varrição
– Separar os grãos verdes do cereja e do boia, que têm diferentes percentuais de umidade
– Não amontoar café recém-colhido ou úmido
– Fazer camadas finas, especialmente no início da secagem
– Não deixar fermentar no terreiro. Mexer de 12 a 16 vezes ao dia
– Secar lentamente, tirando a água dos grãos aos poucos
– Não trabalhar o secador com meia carga
– Não colocar café quente sobre lote frio
– No secador deve usar fogo indireto, com temperatura entre 35ºC (verde) a 45ºC (coco)
– Café com 20% a 30% de umidade, com temperatura alta, rompe as células soltando óleo
– Mofo consome açúcar, proteína, gordura e deixa gosto na bebida
– Não armazenar em local com muita luz, umidade e alta temperatura
– Não deixe outros produtos na tulha
– Se armazenado em saco de juta, em três meses perde qualidade
– Não usar sacaria com cheiro estranho