Plataforma do Sesi simula custos de acidentes e afastamentos de trabalho

CURITIBA – Os dados do anuário estatístico da Previdência Social mostram o quanto os acidentes de trabalho no Brasil são danosos para a economia, para os trabalhadores e impactam no custo e competitividade das empresas.
De 2007 a 2013, o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) precisou pagar R$ 58 bilhões em indenizações para acidentados no país.
Muitos dos acidentes poderiam ser facilmente evitados com medidas de prevenção simples – ferramenta do Sesi, a plataforma Construindo Segurança e Saúde simula custos e ajuda as empresas a pensarem e planejarem ações para diminuir o problema.
No ar há dois anos, o simulador passou por reformulações e oferece agora novos dados: produz relatórios com cruzamento de valores e divulga os custos globais com acidentes no trabalho das empresas cadastradas na plataforma.
E o uso é simples: basta preencher dados como CNPJ, valor da folha de pagamento para o mês, atividade preponderante da empresa e o RAT (Riscos Ambientais de Trabalho).  
Os cálculos então são feitos a partir do valor da folha de pagamento da indústria associado a dados de quantidade de acidentes da empresa divulgados pelo Ministério da Previdência. “Com a combinação desses valores, é possível estimar o valor a ser desembolsado pelas empresas para pagamento do FAP (Fator Acidentário de Prevenção)”, explica o especialista do Sesi, Gustavo Nicolai.
“A partir do conhecimento desses valores, o tomador de decisão na empresa poderá ver com clareza ações e investimentos em saúde e segurança no trabalho”.
Para a gerente de segurança e saúde do Sesi Paraná, Juliana Lacerda, a plataforma é essencial para a área de Recursos Humanos, pois nem sempre é fácil identificar onde estão os custos. “Se uma pessoa falta, quanto isso custa? E, se eu precisar recontratar uma pessoa para ficar no lugar dela, qual será o impacto, isso incide no FAP? É uma gestão não só na parte qualitativa, mas quantitativa”, diz.
Outro fator evidenciado pela ferramenta ao empresário é que o gasto com o acidente de trabalho gera um custo muito maior do que o investimento em prevenção e saúde. Por exemplo: uma empresa recebe a demanda de cobrir uma área com concreto, e as betoneiras chegaram antes das botas de segurança. O gestor usa equipamento improvisado, o que resulta em oito acidentes de trabalho (já que o cimento é altamente corrosivo) – três deles, afastamentos pelo INSS.
Nesse caso hipotético, cada acidente custou R$ 13 mil, e R$ 113 mil por afastamento – a decisão equivocada de trabalhar sem o equipamento de segurança adequado custou R$ 406 mil. Com o montante, a empresa conseguiria adquirir 13 betoneiras, ou negociar até 40 mil horas-extras com os funcionários.

Impactos

Criado em 1990, o INSS concede benefício previdenciário para trabalhadores afastados por mais de 15 dias (seja por acidentes de trabalho ou doenças) – em 2007, no entanto, reformulações nas regras, que passaram a levar em conta fatores como relação causal dos ramos de atividades econômicas e doenças frequências, além da elaboração do FAP, baseado no histórico de acidentes, passou a afetar diretamente a folha de pagamento das empresas.

Faltas no trabalho

A ferramenta é hoje uma das iniciativas de apoio do Sesi para as indústrias e empresas – a instituição conta ainda com outros serviços no Programa de Gestão do Absenteísmo, que tem como objetivo apoiar as empresas na análise de causas e impactos das faltas ao trabalho, na gestão do FAP, além de propor ações para reduzir custos para empresas com faltas, acidentes e doenças.