Sessão de impeachment iria entrar pela madrugada

BRASÍLIA – A sessão que decidirá o futuro da presidente Dilma Rousseff iria entrar pela madrugada de hoje. Cada parlamentar, dos 68 inscritos, tinha direito a 15 minutos para se manifestar antes da abertura do processo de votação eletrônica.
No fim da tarde, alguns senadores pediram, por meio de requerimento, a diminuição do tempo de cada discurso para 10 ou cinco minutos, mas a ideia foi imediatamente rejeitada pelo senador Humberto Costa (PT-PE) e por outros aliados do governo.
Entre os parlamentares com discurso até 18h, a maioria era favorável ao afastamento da presidente Dilma Rousseff. Havia ainda a possibilidade de a sessão ser suspensa e retomada hoje à tarde, o que não se confirmou até o encerramento desta edição do DN.
A sessão histórica começou com Renan Calheiros pedindo serenidade e espírito público aos parlamentares. Ele também fez questão de lembrar que, desde 18 de abril, quando o pedido de impeachment veio da Câmara, nenhuma decisão tomada no âmbito do Senado foi judicializada, prova de que o rito foi equilibrado e justo.
ATAQUE – Na tribuna, os senadores se concentraram em questões técnicas ou políticas para justificar suas posições e encaminhar os votos.
Os cinco primeiros a se manifestar na fase discussão – Ana Amélia (PP-RS), José Medeiros (PSD-MT), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Marta Suplicy (PMDB-SP) e Ataídes Oliveira (PSDB-TO) – reiteraram posição favorável ao impedimento.
Eles afirmaram que há provas suficientes para a responsabilização de Dilma Rousseff, rejeitaram a tese de golpe e criticaram a atuação do governo, principalmente nos campos político e econômico.
Para o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), os crimes de responsabilidade identificados no processo se tornam “até insignificantes” diante de outras “práticas criminosas” praticadas pelo PT.
Além disso, segundo ele, Dilma está deixando ao país uma dívida pública explosiva, cortes nos programas sociais, inflação alta, recessão e alta no índice desemprego. “Quero mostrar aos brasileiros os estragos que o PT causou ao povo brasileiro durante esses 14 anos.. Esse é o maior crime que o Governo praticou”, disse.
DEFESA DA PRESIDENTE – O primeiro parlamentar contrário ao impeachment só foi à tribuna por volta das 15h30. Telmário Mota (PDT-RR) disse que o momento, apesar de histórico, é vergonhoso, pois está havendo uma tomada ilegítima de poder apelidada de impeachment.
“Nunca se falou tento em democracia, mas ela não está sendo respeitada. O voto das urnas está sendo retirado dos milhões de eleitores. E o prejuízo maior será da população”, lamentou.
A senadora Ângela Portela (PT-RR), por sua vez, lamentou a situação pela qual passa a primeira mulher na Presidência da República, “uma pessoa honrada e de bem, que governa com seriedade e transparência”.
“Só mesmo o desejo incontrolável de subverter a vontade das urnas pode explicar o uso de justificativas tão frágeis contra Dilma Rousseff. Estamos diante de um prejulgamento político porque a decisão dos julgadores foi tomada antes de o processo começar”, constatou.
Outro que lamentou a situação foi o senador Jorge Viana (PT-AC). Ele lembrou que o país não vive uma normalidade, mas uma anarquia institucional.
“Não é possível que alguém que tenha apreço pela democracia não entenda esse momento”, afirmou o parlamentar, que aproveitou para lembrar as conquistas dos dois governos do presidente Lula, comparando-o com o legado de Fernando Henrique Cardoso. (Agência Senado)