Mimo demais estraga

Educar filhos é, talvez, a tarefa mais difícil imposta ao ser humano. A certeza de estarmos fazendo a coisa absolutamente certa, nunca teremos, pois, a vida é acompanhada de incertezas. 
O que podemos fazer é tentar errar o menos possível e, quando errarmos, acertarmos o passo. Isso sim, está em nossas mãos.
Refletir com certa habitualidade sobre a questão de mimar demais (ou não) as crianças, seguramente poderá auxiliar na formação emocional dos pequenos.
Para isso precisamos primeiro entender um pouco sobre o amor. 
A partir do momento em que a criança nasce, ela precisa que suas necessidades básicas de alimentação, proteção e carinho sejam satisfeitas. 
Já os pais se prontificam para satisfazer essa demanda, já que o amor de um pai e de uma mãe por um filho é imenso, chegando a não caber no peito.
O mimo em excesso começa quando os pais satisfazem mais do que a criança precisa, ou seja; é o excesso de tudo: de cuidados, de paparico, de apego. Esse excesso de mimo não é demonstração de amor.
Muitos pais não permitem que o filho aprenda com seus erros e, tentando evitar que este filho sofra, resolvem tudo por eles.  
Resolvem a briga com o coleguinha da escola, fazem a lição de casa para o filho ao invés de ajudá-lo a fazer, presenteiam demais sem ter um porquê. 
Se algum brinquedo quebra, correm para comprar outro (o certo seria tentarem consertar o brinquedo juntamente com a criança, assim ela aprenderá a consertar suas atitudes quando for mais velha), enfim, adotam atitudes que não permitem que o filho amadureça.
Este mimo em demasia, poderá gerar uma série de sintomas como, por exemplo, insegurança, quando na fase adulta. 
A criança pode começar a achar que tudo que faz não é bom o suficiente, sem confiar em si mesmo, afinal, sempre fizeram tudo por ela, não é? Ela cresce sem acreditar que pode. Cresce sem força.
A função principal dos pais é preparar o filho para o mundo. Um mundo repleto de barreiras e muitos “nãos”, no qual os fracos têm pouca vez. 
A criança mimada pode se transformar em um adulto que não sabe receber um “não”; que se compromete para tentar de todas as formas manipular a situação para conseguir o que deseja. 
Isso acontece porque quando era criança, todas as suas necessidades foram mais do que satisfeitas, então ela não aprendeu a lidar com a frustração. 
Nós não temos tudo o que queremos, nem tudo o que desejamos e, geralmente damos conta disso. Mas o mimado em excesso não consegue e sofre muito quando não realiza algum desejo ou quando percebe que o mundo não gira somente ao seu redor (como era quando criança), gerando inclusive sofrimento para os pais.
O mimo que prejudica está intimamente ligado à dificuldade dos pais de colocarem limites nos filhos e no seu próprio apego. 
Amor não é apego. Amor é criar com o coração, mas, com razoabilidade.

Colaboração de Márcia Spada