Geração “nem, nem, nem” agora corre atrás de trabalho
RIO DE JANEIRO – Com a economia estagnada e a piora do mercado de trabalho, a proporção de jovens “nem, nem, nem” (“nem estuda, nem trabalha, nem procura emprego”) encolheu pela primeira vez em cinco anos.
No ano passado, 6,8 milhões de jovens compunham o contingente de “nem, nem, nem” no país, o que representava 13,9% das pessoas de 15 a 29 anos. No ano anterior, a proporção era de 15%, ou seja, 546 mil jovens a mais nessa situação, de acordo com levantamento do IBGE.
Segundo Cintia Simões Agostinho, pesquisadora do IBGE, o aumento da procura por emprego – e não o retorno ao estudo ou a conquista da vaga de trabalho – foi o responsável pela redução dos “nem, nem, nem” em 2014.
Naércio Menezes Filho, coordenador do Centro de Política Públicas do Insper, diz que o desemprego começou a crescer no país no ano passado e o avanço da renda perdeu fôlego (alta de apenas 0,8%, para R$ 1.774).
“Quando a renda dos pais aperta, o jovem tem de começar a procurar emprego. Ele não consegue se sustentar mais só pela renda dos pais. Ele precisa de um emprego para compra o tênis”, diz.
Esses jovens, entretanto, encontram dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. Primeiro, porque a oferta de vagas ficou mais escassa. Segundo, porque os “nem, nem, nem” são na média pouco qualificados. Um sinal disso é que mais da metade (58%) deles não tinha completado o ensino médio.
Claudio Dedecca, professor da Unicamp, afirma que, apesar da redução, uma parcela majoritária dos “nem, nem, nem” exerce uma função na estrutura familiar que impede uma mudança.
GÊNERO – Pelo fator sexo, 75% dos que não trabalham, não estudam nem procuram emprego eram mulheres, das quais 62% tinham filho. Dos “nem, nem, nem”, 91% se dedicavam a afazeres domésticos.
“Elas cumprem esse papel porque precisam, porque não há creche ou não existe alternativa”, disse o especialista.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho, essa proporção de jovens que não trabalha nem estuda cresceu em 30 de 40 países analisados de 2007 a 2012.
Com a economia brasileira em recessão há três trimestres e a piora do mercado de trabalho, mais jovens tem procurado emprego neste ano. No terceiro trimestre de 2015, a taxa de desemprego chegou a 8,9% no país.
CANGURU – Enquanto os “nem, nem, nem” se concentram na parcela pobre da população, outro fenômeno ocorre extremo social oposto: os “cangurus”, jovens adultos que adiam a saída da casa dos pais.
Uma em cada quatro pessoas de 25 a 34 anos no país ainda moravam com os pais, segundo o IBGE. Essa proporção cresceu de 21,2% em 2004 para 24,3% no ano passado.
Os jovens adultos cangurus são em sua maioria formados por homens (59%), da região Sudeste (47%) e mais escolarizados (34,9% tinham ensino superior).
No ano passado, 6,8 milhões de jovens compunham o contingente de “nem, nem, nem” no país, o que representava 13,9% das pessoas de 15 a 29 anos. No ano anterior, a proporção era de 15%, ou seja, 546 mil jovens a mais nessa situação, de acordo com levantamento do IBGE.
Segundo Cintia Simões Agostinho, pesquisadora do IBGE, o aumento da procura por emprego – e não o retorno ao estudo ou a conquista da vaga de trabalho – foi o responsável pela redução dos “nem, nem, nem” em 2014.
Naércio Menezes Filho, coordenador do Centro de Política Públicas do Insper, diz que o desemprego começou a crescer no país no ano passado e o avanço da renda perdeu fôlego (alta de apenas 0,8%, para R$ 1.774).
“Quando a renda dos pais aperta, o jovem tem de começar a procurar emprego. Ele não consegue se sustentar mais só pela renda dos pais. Ele precisa de um emprego para compra o tênis”, diz.
Esses jovens, entretanto, encontram dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. Primeiro, porque a oferta de vagas ficou mais escassa. Segundo, porque os “nem, nem, nem” são na média pouco qualificados. Um sinal disso é que mais da metade (58%) deles não tinha completado o ensino médio.
Claudio Dedecca, professor da Unicamp, afirma que, apesar da redução, uma parcela majoritária dos “nem, nem, nem” exerce uma função na estrutura familiar que impede uma mudança.
GÊNERO – Pelo fator sexo, 75% dos que não trabalham, não estudam nem procuram emprego eram mulheres, das quais 62% tinham filho. Dos “nem, nem, nem”, 91% se dedicavam a afazeres domésticos.
“Elas cumprem esse papel porque precisam, porque não há creche ou não existe alternativa”, disse o especialista.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho, essa proporção de jovens que não trabalha nem estuda cresceu em 30 de 40 países analisados de 2007 a 2012.
Com a economia brasileira em recessão há três trimestres e a piora do mercado de trabalho, mais jovens tem procurado emprego neste ano. No terceiro trimestre de 2015, a taxa de desemprego chegou a 8,9% no país.
CANGURU – Enquanto os “nem, nem, nem” se concentram na parcela pobre da população, outro fenômeno ocorre extremo social oposto: os “cangurus”, jovens adultos que adiam a saída da casa dos pais.
Uma em cada quatro pessoas de 25 a 34 anos no país ainda moravam com os pais, segundo o IBGE. Essa proporção cresceu de 21,2% em 2004 para 24,3% no ano passado.
Os jovens adultos cangurus são em sua maioria formados por homens (59%), da região Sudeste (47%) e mais escolarizados (34,9% tinham ensino superior).