Ação entre amigos (e parentes)
Os bastidores de Brasília revelam estar em gestação adiantada um extraordinário, “acordão” para livrar amigos e parentes do ex-presidente Lula de depoimentos em Comissões Parlamentares de Inquérito do Congresso e do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Diante dos esforços apaziguadores do ex-presidente, estariam blindados ele e seu filho Luis Cláudio, os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, o ex-ministro Antonio Palocci, a ex-chefe da Casa Civil da Presidência, Elenice Guerra, o ex-secretário geral Gilberto Carvalho e, fechando a raia, o ministro do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes, relator das contas do Governo do ano passado e que levou aquela corte por unanimidade rejeitar a prestação feita pela presidente Dilma Rousseff.
Contado tudo dessa forma, entende-se estar sendo formulado uma fantástica ação entre amigos. E como ninguém é de ferro, a ação se estende a parentes. Estamos, pois, a crer-se nos informativos de Brasília, diante de uma enorme pizza, que de tanto assar já não mais surpreende o leitor.
Falta é surpreender o eleitor.
Se o ex-presidente é capaz de tudo isso, um futuro a espreita pode esclarecer. Não é esse o papel que se entende seja próprio de um ex-presidente. Há, pois, tempo de se desmentir o fato, se existe, culpando-se como sempre a imprensa, a oposição. Afinal, não se quer é deixar a Presidente governar como disse Lula, “governar de fato”.
Quanto aos nomes apontados, não há surpresas. Palocci e a srª. Elenice Guerra estão sempre associados a problemas que emitem o som de irregularidades. Se o fato narrado se consumar, volta a brilhar o sol na capital da República e todos de mãos dadas poderão passear na Praça dos Três Poderes e na Esplanada dos Ministérios.
Nós, ora nós, ficamos aqui dedilhando e lendo das barbaridades que ocorrem na nossa capital. Coitada da capital. Afinal, só ela não tem culpa. Nem Juscelino Kubitschek, quando resolveu construí-la poderia pensar que ela serviria para trapaças de toda ordem e através dos anos, dos mensalões aos petrolões, aos Zelotes e a todos os outros não nominados.
Tenta-se, de um lado, culpar a Operação Lava Jato pelo que seria o estrago que está a fazer na economia brasileira. Quem assim já se manifestou não estava brincando, ainda. Fez um ensaio, uma ascultação.
Queriam, isto sim, é sentir os efeitos de uma frase criada para tentar prejudicar um trabalho sério que ficará na história do país. Fala-se do juiz Sério Moro como já se falou do ministro Joaquim Barbosa. Na verdade, sem milagres, ambos agiram dentro da lei, procurando punir esses batalhões de desonestos que habitam o país e procuram infiltrar-se aos homens e mulheres de bem, que ainda existem em quantidade animadora.
Tenhamos paciência. Os bons precisam reagir, candidatando-se em 2016, 2018 e tantas eleições ajudem a limpar legislativos e executivos que teimam em ofuscar o trabalho que faz o brasileiro decente.