Faturamento de Palocci cresceu fora do governo
A reportagem divulga informações de um novo relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão de inteligência do Ministério da Fazenda, sobre a movimentação financeira do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de Palocci, da ex-ministra Erenice Guerra e do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).
Na avaliação do Coaf, segundo a revista, os quatro petistas movimentaram recursos incompatíveis com seus rendimentos, o porte de suas empresas e a natureza de suas atividades no setor privado.
Segundo o relatório obtido pela revista, as empresas de Lula, Palocci e Erenice movimentaram R$ 294,6 milhões em suas contas desde 2008. O valor representa a soma de entradas e saídas, ou seja, o que faturaram com seus clientes, mais o que repassaram a outras contas para realizar despesas, investimentos e aplicações financeiras.
Palocci foi ministro da Fazenda de Lula e abriu sua empresa de consultoria, a Projeto, em 2006, ano em que deixou o governo e se elegeu deputado federal. Ele movimentou R$ 216,2 milhões até abril deste ano, segundo o relatório do Coaf divulgado pela revista "Época". Desde junho de 2011, quando deixou o posto de ministro da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, a consultoria de Palocci faturou R$ 52,8 milhões, diz o Coaf.
O relatório afirma que ele recebeu R$ 4,7 milhões da Caoa, montadora e revendedora de veículos investigada na Operação Zelotes sob suspeita de envolvimento com um esquema de compra de medidas provisórias. Em maio, a Caoa informou à Folha de S.Paulo que contratou a Projeto para serviços nas áreas de "planejamento estratégico, econômico, financeiro e de relações internacionais".
Palocci deixou o governo Dilma após a Folha de S.Paulo revelar a existência de seus negócios como consultor. Entre 2007 e 2010, quando ele era deputado federal, a Projeto faturou R$ 34,9 milhões, de acordo com informações repassadas pela Receita Federal ao Ministério Público Federal.
Segundo o Coaf, a empresa criada por Lula em 2011 para contratar suas palestras faturou R$ 27 milhões até maio deste ano e transferiu R$ 25,3 milhões para outras contas, movimentando R$ 52,3 milhões. O faturamento da empresa foi revelado em agosto por reportagem da revista "Veja" baseada em outro relatório produzido pelo Coaf.
SAQUE
Erenice Guerra foi ministra da Casa Civil no fim do governo Lula e deixou o cargo após acusações de tráfico de influência envolvendo sua família. Ela foi inocentada pela Justiça em 2012. Segundo a "Época", o escritório de advocacia de Erenice recebeu R$ 12 milhões entre agosto de 2011 e abril deste ano e transferiu a outras contas R$ 11,3 milhões no mesmo período.
Ainda de acordo com a revista, o governador Pimentel chamou atenção do Coaf ao fazer um saque de R$ 150 mil dois dias após vencer as eleições de 2014. Na análise das movimentações, diz a revista, os investigadores apontaram "comportamento atípico" do governador, que teria resistido a esclarecer a operação. (Da Folhapress)
Palocci diz que ganhos foram informados
A assessoria de imprensa do ex-ministro Antonio Palocci afirmou que seus ganhos e os de sua empresa "estão clara e transparentemente registrados e sempre informados às autoridades competentes".
Em nota, chama de "caluniosas e mentirosas as ilações" e que buscam relacionar os serviços da Projeto Consultoria à aprovação de benefícios ao setor automotivo. Afirma ainda que Palocci está afastado da vida pública há mais de quatro anos e que retomou as atividades empresariais nesse período.
Já o Instituto Lula negou irregularidade nas movimentações financeiras do ex-presidente. Em nota, informou que os valores são referentes a 70 palestras, contratadas por 41 empresas, todas ministradas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Realizadas, contabilizadas e com os devidos impostos pagos", ressalta a assessoria do ex-presidente. "Não há nada de ilegal na movimentação financeira do ex-presidente" e que "os recursos são provenientes de atividades profissionais, legais e legítimas de quem não ocupa cargo público".