Cunha diz que agenda proposta por Renan é “jogo de espuma”
“A Câmara está disposta a participar de qualquer coisa que seja para o bem do país. Tem de saber que tipo de conteúdo. Até agora, vimos apenas um jogo de espuma, sem conteúdo concreto e utilizando parte da espuma que já vem da própria Câmara”, afirmou Cunha, após participar de almoço com o vice-presidente da República Michel Temer e representantes da bancada peemedebista da Casa.
De acordo com Eduardo Cunha, algumas das propostas apresentadas foram de iniciativa da Câmara e já foram apreciadas na Casa. “Não precisa nem ter agenda. Propostas boas para o país sempre terão nosso apoio, assim como gostaríamos que nossas propostas que estão tramitando e que também são boas para o país, como a terceirização, já tivessem sido tratadas. De nossa parte, não há problema de analisar qualquer agenda ou tema.”
Cunha voltou a explicar que o Congresso é bicameral. “As duas casas têm de funcionar. Não dá para achar que vamos construir uma agenda única, que vamos votar e virar lei, porque não é assim que funciona. É preciso entender que não conseguimos costurar absolutamente nada se não envolvermos as duas casas.”
O ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, que integra a coordenação política do governo, destacou que o PMDB “tem de ter competência para construir uma pauta comum na Câmara e no Senado”.
“Estamos vivendo uma crise séria, e cabe ao PMDB buscar ser o moderador, o estabilizador desse processo de crise”, afirmou Padilha. “O vice-presidente Michel Temer disse que nosso desafio é construir uma agenda coincidente entre o que está sendo proposto pelo Senado e o que são aspirações da Câmara dos Deputados.”
AGENDA BRASIL – A Agenda Brasil foi apresentada anteontem, no plenário do Senado, pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ela prevê, entre outras medidas, a votação de 27 proposições legislativas que objetivam aumentar a confiança dos investidores na economia do país.
O documento foi motivo de encontro na segunda-feira entre Renan e líderes partidários com os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, na residência da presidência do Senado.
Ao anunciar a Agenda Brasil, Renan informou que o Legislativo quer colaborar para o fim da crise. “Não é uma colaboração do Senado Federal. É uma colaboração do Legislativo. Queremos ser vistos como facilitadores, e não como sabotadores.” O senador lembrou que o sistema legislativo é bicameral e afirmou que “todas as sugestões serão bem recebidas”.
“Discutir o impeachment todos os dias não resolve a crise econômica”, disse o senador, que defende “a separação das crises”. “O governo Dilma Rousseff não é o Brasil. O reducionismo é impróprio. O governo Dilma, como todos sabem, tem data para acabar e o Brasil vai continuar existindo”, afirmou.
Crise política não pode prejudicar
interesses do país, diz ministro
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Edson Fachin defendeu ontem a preservação de instituições democráticas e que os interesses do país não sejam prejudicados pela crise política. Segundo ele, em situações como a atual, cabe aos integrantes dos poderes manter os canais de diálogo abertos, a fim de evitar que a crise política prejudique ainda mais o país.
“O que me parece muito importante neste momento é colocar o Brasil acima de todo e qualquer embate. Os interesses do Brasil são maiores que os interesses momentâneos de uma crise política que o país pode estar passando”, disse o ministro, após participar, no Palácio do Itamaraty, de uma solenidade de formatura de diplomatas.
Para o ministro, preservar as instituições, a democracia e estar disposto ao diálogo e à troca de ideias “é o grande desafio que se coloca para quem, de fato, quer apostar na estabilidade, e não no caos”.
De acordo com Fachin, o país precisa hoje de diálogo entre seus poderes.
“Diálogo pressupõe o respeito de censo. Dialogar não é aderir, é abrir-se para a exposição de posições divergentes, a fim de encontrar uma área comum de interesses que dê estabilidade à economia e tranquilidade à sociedade brasileira. Que façam isso preservando as instituições democráticas.”