Temer diz que país passa por “crisezinha política”

BRASÍLIA (ABR) – O vice-presidente da República, Michel Temer, negou que haja crise institucional no país, e chamou de “crisezinha política” a situação vivida pelo Planalto, após o anúncio do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, de romper com o governo federal.
“Na verdade até uma crisezinha política ainda tem, por causa da posição do presidente Eduardo Cunha, mas crise institucional não existe. Crise política pode haver. Isso tudo depende do diálogo e nós vamos continuar a fazer esse diálogo com o Congresso Nacional”, disse ontem o vice-presidente, após palestra em Nova Iorque.
"NEBULOSOS” – O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acredita que o Legislativo, que até o dia 31 de julho está em recesso branco, terá um segundo semestre difícil, concentrando agendas sensíveis. As informações são da Agência Brasil.
Entre os temas delicados, Renan citou as dificuldades na economia, a análise de vetos presidenciais, as CPIs, o projeto de Lei de Responsabilidade das Estatais. “Não diria que será um agosto ou setembro negro, mas serão meses nebulosos, com a concentração de uma agenda muito pesada. Cabe a todos nós resolvê-la”.
Em pronunciamento veiculado pela TV Senado na noite da última sexta-feira (17), Renan avaliou que a maioria do Congresso é contrária à aprovação de novos tributos ou ao aumento de impostos e disse que a sociedade já está no limite de sua contribuição com impostos, tarifaços, inflação e juros. Para atingir as medidas necessárias para o ajuste fiscal, Renan voltou a pedir que o governo enxugue a máquina. “É preciso cortar, cortar ministérios, cortar cargos comissionados, enxugar a máquina pública e ultrapassar, de uma vez por todas, a prática superada da ‘boquinha e do apadrinhamento”, disse.
Temer, que também é presidente nacional do PMDB, reforçou que a decisão de Cunha é pessoal, e não reflete a posição do partido. Ele destacou que não há crise institucional “apesar de todos esses embaraços”. Disse que episódios como o protagonizado por Cunha acontecem de vez em quando e não devem abalar a crença no país.
Ele comentou as críticas do presidente do Senado, Renan Calheiros, às medidas de ajuste fiscal do governo. Para o vice-presidente da República, a mensagem de Calheiros é que o governo precisa trabalhar mais.
“Creio que o Renan, com a ponderação que o peculiariza, quis dizer exatamente isso, [o ajuste] ainda é insuficiente. Então, nós temos que trabalhar mais para arrecadar mais”.
INVESTIGA FATOS – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse ontem que investiga “fatos, jamais instituições”. Em nota à imprensa, Janot afirmou que o Ministério Público sempre buscou o diálogo com as instituições, passando pelo funcionamento de um “Senado Federal altivo e de pé”.
A manifestação do procurador foi divulgada após críticas do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e de senadores atingidos pelas diligências da Operação Politeia, da Polícia Federal, deflagrada na semana passada.
A operação é um desmembramento da Operação Lava Jato e investiga a suposta participação de parlamentares no recebimento de propina.
Na nota, Janot disse que a relação entre o Ministério Público e as instituições sempre será de harmonia e respeito. “Como é de conhecimento público, a Constituição Federal atribui ao procurador-geral da República, sob supervisão do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, a condução de investigações de forma sóbria e responsável em relação às altas autoridades da República, sejam elas do próprio Ministério Público ou dos Poderes Legislativo, Judiciário ou Executivo”, afirmou.
O mandato de Janot no cargo de procurador-geral termina no dia 17 de setembro, mas ele pode ser reconduzido pela presidente Dilma Rousseff por mais dois anos. No entanto, ele precisará ser aprovado pela Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado e pelo plenário da Casa, em votação secreta. Além disso, Janot disputará uma eleição interna na Procuradoria Geral da República.