A caótica democracia brasileira
A população assiste, aturdida, as denúncias e trocas de acusações sobre os atos de corrupção praticados no meio político-administrativo.
Ofendem à dignidade humana, principalmente a dos brasileiros que trabalham e a duras penas pagam seus impostos, saber da existência de tanta irregularidade envolvendo a classe política, empresários e atravessadores, que tratam o dinheiro público e o bem estatal como se fossem propriedade particular ou pior até, pois jamais malbaratariam o próprio patrimônio.
É degradante tomar conhecimento do fausto em que vivem os detentores de mandato e seus aliados, hoje acusados de assaltar os cofres públicos e de empresas estatais e ainda sentirem-se ofendidos quando a Justiça e a Polícia apreendem seus bens irregulares.
Há muito tempo o povo pergunta quem paga as campanhas eleitorais milionárias, recheadas de jatinhos e superproduções. A Justiça Eleitoral tem feito o que pode, com rigor no exame das contas e a decretação da perda do mandato àqueles que se elegem através da fraude ou do poder econômico.
Na esteira do mensalão, o povo ficou sabendo que os parlamentares recebiam dinheiro vivo para votar os projetos de interesse do governo e, agora, na Operação Lava-Jato, escancara-se cada dia mais o crime organizado que assalta os cofres da Petrobras e de outras instituições governamentais.
Muitos já foram presos e outros ainda o serão. José Dirceu, condenado e tido como o mentor do mensalão, chegou até a insistir em “hábeas-corpus” preventivo por temer a volta ao cárcere. Seus defensores dizem que até o ex-presidente Lula teme uma possível prisão.
Todo o mar de lama criou o teatro onde se prega o impeachment da presidente Dilma, que já perdeu a maioria no parlamento. Os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados são citados como beneficiários de propinas e, agora, o da Câmara, deputado Eduardo Cunha, é acusado de exigir pessoalmente uma propina de US$ 5 mil e reage, dizendo que o delator só teria feito a denúncia por pressão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também acusado de estar por traz da apreensão dos veículos de luxo na mansão do senador Fernando Collor.
De outro lado, Lula é investigado por suposto tráfico de influência no exterior, em favor de uma empresa envolvida no Lava-Jato, que realizou obras internacionais com financiamento do BNDES.
Parece termos chegado ao fundo do poço. O ordeiro povo brasileiro não merece ser tratado dessa forma. É preciso encontrar uma solução para por fim a esse descompasso, antes que o caos se instale e as conseqüências sejam inimagináveis…
*Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)