Presidente da Fiep alerta para desemprego

CURITIBA – A aprovação do projeto de lei que reduz as desonerações sobre a folha de pagamentos para diversos segmentos da economia causará grande impacto para o setor industrial paranaense.
Estudo do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) mostra que a alteração nas alíquotas proposta pelo governo pode tirar das empresas paranaenses mais de R$ 750 milhões por ano – levando em conta apenas seis dos segmentos industriais mais significativos do Estado, que empregam 425 mil trabalhadores.
O montante pode ser menor, caso alguns ramos da indústria alimentícia sejam contemplados com reajustes menores, como é a intenção do relator do projeto na Câmara Federal, deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ). A proposta pode entrar na pauta de votações do plenário hoje.
“Em um momento em que as empresas já enfrentam inúmeras dificuldades por conta da crise econômica, este é mais um duro golpe na competitividade da indústria brasileira”, afirma o presidente do Sistema Fiep, Edson Campagnolo.
“As desonerações vieram para dar fôlego às empresas. Não faz sentido que, justamente quando elas enfrentam fortes quedas em suas vendas, sejam obrigadas a aumentar seus custos. Com essa medida, o governo insiste em tirar sangue de um paciente já debilitado”, completa.
Para Campagnolo, a aprovação da medida trará graves consequências para diversos segmentos industriais. “Especialmente os setores intensivos em mão-de-obra, que geram a maior parte dos empregos, deveriam ter as alíquotas mantidas. Muitas empresas hoje nem sequer têm margens de lucro que suportem esse aumento de alíquota e, sem dúvida alguma, não demorará para que demissões comecem a ocorrer”, declara.
O presidente do Sistema Fiep afirma entender a necessidade do ajuste fiscal para reequilibrar a economia, mas diz ser inadmissível que a conta seja paga pelo setor produtivo.
“Mais uma vez o governo mexe no bolso dos empreendedores e da sociedade para cobrir os rombos em suas finanças, causados por sua má gestão administrativa. Não vemos, ao mesmo tempo, grandes esforços para a redução de despesas e aumento da eficiência dos gastos públicos”, critica.

Impacto
O levantamento do Departamento Econômico da Fiep considera os últimos dados oficiais disponíveis sobre receita bruta e folha de pagamentos das indústrias, retirados da Relação Anual de Informações (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego, e da Pesquisa Industrial Anual (PIA), do IBGE. Foram analisadas as informações de todos os setores da indústria paranaense que haviam sido beneficiados com a desoneração.
Seis deles são responsáveis pela geração de 425 mil postos de trabalho – quase metade dos 870 mil empregos industriais do Estado: produtos alimentícios; têxteis, confecção e couro; produtos de metal; máquinas e equipamentos; veículos automotores; e móveis. No total, o valor aproximado que as indústrias desses segmentos terão de pagar a mais à Previdência com as mudanças nas desonerações será de R$ 756,6 milhões.
O maior impacto seria sobre o setor alimentício. Responsável por mais de 170 mil empregos no Paraná, o segmento contribui com cerca de R$ 388,2 milhões à Previdência anualmente – o que equivale a 1% da receita bruta de todas as empresas, estimada em R$ 38,8 bilhões. Com o aumento da alíquota para 2,5%, seria mais vantajoso à maioria das empresas do setor voltar à contribuição sobre a folha de pagamentos, resultando em um montante aproximado de R$ 706,9 milhões – ou 20% dos R$ 3,5 bilhões que as empresas pagam em salários. O aumento nos custos do setor, portanto, seria de aproximadamente R$ 318,7 milhões ao ano com as alterações nas desonerações.