O jeitinho brasileiro
Muito se fala dos maus exemplos dados pelos políticos. Será que os maus exemplos são apenas deles? O dia a dia prova que não. Basta… sair às ruas e observar. Creio que existem classes de indivíduos em nossa sociedade. Não me interpretem equivocadamente, pois não falo de dinheiro. Falo de honestidade. Sim, há cidadãos honestos. Há também corruptos. Assim sendo, temos jardas a avançar no campo da civilidade.
Falei de classes de indivíduos. Gostaria de explicá-las, uma a uma. Há os sábios. Homens riquíssimos; vencem pela razão. Os moderados não se envolvem com nada, apenas atribuem a situação do país a um descompasso histórico-social da nação. Os ignorantes, por sua vez, não assumem nomes ou ideologias: ficam com quem lhes beneficiar mais. Todas pensam o país, à sua maneira. Existem outras categorias. Assim como as três anteriores, a maioria convive ou provoca o “jeitinho brasileiro”, uma forma de tirar vantagem em certas situações.
Quando ocorre o jeitinho, o infrator considera a situação particular como mais importante que a norma universal e, dessa forma, analisa por outro ângulo, priorizando o seu caso específico. O pessoal passa a ser mais importante que o coletivo. Furar a fila, dissimular, ultrapassar o final vermelho – exemplos tão comuns. O rombo material pode ser pequeno, mas o atentado moral não tem medição.
Os agentes do “jeitinho” se alçam para acima da crítica e das normas impositivas de uma sociedade. Sem melindres, removem-se da equação de “cidadão comum”, um mero cumpridor da lei, para assumir a função de legislador pessoal, remodelando as regras conforme suas próprias conveniências. Que importância tem alguns bilhões em um país que move outros tantos bilhões no plano econômico? Talvez seja este o critério de nossos ilustres mandatários no exercício de seu poder. A lama da Petrobras que o diga.
Sábios, moderados, ignorantes. Qualquer seja seu agrupamento, o Brasil precisa de cidadãos conscientes. O fenômeno do jeitinho está tão incrustado na gênese de nosso país, que testar o povo geraria apenas desapontamento. Para reclamar, somos insistentes e incorrigíveis. Para mudar, contudo, leva muito tempo e ninguém olha para o próprio umbigo. Se alterar essa realidade é uma pretensão, atitudes medíocres precisam ser condenadas, com rigor. Inequivocamente, é o povo que patrocina o que se vê na política.