Produtores voltam a pedir adição de fécula à farinha de trigo

Os produtores de mandioca mudaram o foco, abandonando questões pontuais como a liberação de verba para compras por parte do Governo Federal (chamado AGF) ou incentivos fiscais. Querem a apresentação de medida provisória por parte da presidente Dilma Rousseff, determinando a adição de fécula de mandioca à farinha de trigo.
A proposta de adição chegou a ser aprovada na Câmara dos Deputados e Senado Federal em projeto de 2008 mas acabou vetada pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Mandioca do Paraná – Aproman – Francisco Abrunhoza, reflexo de lobbys na época por parte da indústria do trigo. O projeto original é do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB), atual ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação.
A reivindicação do setor é que a farinha de trigo tenha 3% de fécula em sua composição já no primeiro ano. Na sequência, elevação para 5%, 7% e 10%, concluindo a transição ao final de quatro anos.
NOVA PARALISAÇÃO – Paralelamente, os produtores ameaçam fechar a BR-376 na região de Paranavaí, além da Ponte Ayrton Senna em Guaíra e a BR-163, no Mato Grosso do Sul. Tal ação estaria atrelada ao insucesso em novas tentativas de marcar audiências com autoridades em Brasília para tratar do tema.
A paralisação, caso ocorra, teria impacto mais amplo, agora com reflexo em toda a movimentação de cargas, analisa Francisco Abrunhoza. A decisão foi tomada em assembleia da classe, anteontem à noite em Santa Isabel do Ivaí. Segundo o presidente, participaram cerca de 400 agricultores, de 22 cidades.  
Nas manifestações anteriores o objetivo foi paralisar a indústria de fécula, impedindo as cargas de mandioca de chegar até as empresas, forçando negociação de um preço mínimo. Na ocasião, os produtores foram orientados a não colher raiz de mandioca.
Ele diz que a situação no campo se agravou nos últimos dias, acumulando novas reduções de preços na indústria. Segundo ele, há casos de venda a R$ 150,00 a tonelada da raiz, muito inferior ao custo de produção, hoje ultrapassando os R$ 200,00.
Diante desse cenário, o presidente avalia que o melhor negócio é aguardar uma reação do mercado. Ele analisa que o preço deve melhorar a médio prazo por conta de uma nova seca em estados produtores do Nordeste. Avalia que os preços devem reagir entre 6 e 8 meses.
Ainda sobre preços, o presidente confirma a liberação de R$ 117 milhões para AGF, exclusiva para a agricultura familiar.
Ele também aproveitou para falar da relação entre produtores de raiz e industriais de fécula, estreitada nos últimos dias. Durante as manifestações iniciadas em fevereiro houve momentos de tensão por conta do debate sobre responsabilidade pela queda do preço. Os produtores exigiam aumento e a indústria alegava não ter condições de cobrir.  
O presidente lamentou o cancelamento de reuniões em Brasília na semana passada. Ele lembra que as viagens geram despesas elevadas com transporte, alimentação e hospedagem. O presidente também agradeceu o empenho do deputado João Arruda (PMDB), coordenador da bancada paranaense na Câmara.