É preciso entender e respeitar as diferenças

REINALDO SILVA*

“Compreender que há outros pontos de vista é o início da sabedoria”. A frase é do poeta escocês Thomas Campbell e se encaixa como uma luva nas mãos daqueles que não conseguem entender a pluralidade do mundo.
É comum encontrar pessoas que se fecham nas próprias convicções e sequer tentam enxergar modos de vida diferentes daqueles a que estão acostumadas. Então, baseiam-se em argumentos e teorias no mínimo questionáveis para defenderem o que pensam.
Cito o exemplo do biologismo. Reduzir os seres humanos às características fisiológicas é bastante simplista e temerário, porque exclui as formações intelectual, emocional, cultural e social.
E mais: esse pensamento foi responsável por momentos nefastos da história do mundo – o extermínio de indígenas, a escravidão de africanos e a morte de judeus – sempre em nome da predominância de um biótipo em relação ao outro.
O uso do nome de deuses como fonte de argumentação também me preocupa. Não é minha intenção, aqui, questionar dogmas difundidos ao longo de séculos, principalmente porque não sou estudioso das religiões, não sou leitor assíduo de livros sagrados, nem frequento celebrações. Antes, o que pretendo é mostrar que existem outras possibilidades.
Convenhamos, nem todos seguem os mesmos ensinamentos. Há católicos, evangélicos, muçulmanos, budistas, espíritas, umbandistas, hinduístas… Uma infinidade de manifestações religiosas. Obviamente não são iguais, mas desconheço que qualquer uma delas pregue a falta de amor e de respeito.
Talvez, seja preciso entender o seguinte: não é você e o que você pensa que determinam quem a outra pessoa é. É preciso se colocar no lugar do próximo, para identificar nele um mundo inteiro de diferenças em relação ao que você aprendeu e assumiu como verdade absoluta.
Adaptando o pensamento de uma grande amiga, cientista social totalmente engajada na defesa das minorias, digo que negar a existência do preconceito não é suficiente para fazer com que ele, o preconceito, desapareça das ideias e das ações das pessoas. Não importa qual seja o argumento utilizado.
Mais importante do que querer fazer com que todos sigam determinada crença; mais importante que ser contra as diferenças; mais importante que fechar os olhos para os problemas enfrentados diariamente pelas minorias; mais importante que tudo isso é entender que sem respeito não há civilidade. E sem civilidade, corremos o risco de viver em um mundo tomado pela barbárie.