Atos criticam governo, mas rebatem impeachment

SÃO PAULO (FOLHAPRESS) – Apesar do tom de cobrança ao governo federal, os protestos organizados por CUT (Central Única dos Trabalhadores), MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e movimentos sociais, ontem, rebatem pedidos de impeachment, e muitos manifestantes defendem a presidente Dilma Rousseff.
O mote principal dos atos é a "defesa da Petrobras", além de críticas às medidas de ajuste fiscal. Segundo o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, o ato "não é nem contra nem a favor do governo, mas sim pela normalidade da democracia".
Os protestos ocorreram em pelo menos 12 Estados, e devem se estender a outras capitais durante a tarde.
No Recife, há várias bandeiras e camisetas da campanha da reeleição de Dilma, além de faixas que clamam por reformas políticas. "Contra a corrupção, o capitalismo, os neoliberais, a mídia conservadora e contra qualquer golpe", diz uma delas.
Também havia camisetas com a imagem da presidente e a mensagem "renovar a esperança". Mulheres exibiam placas pró-Dilma, como "Quem venceu, governa, apesar do ódio das elites", "Derrotados nas urnas atacam a democracia, não ao golpe" e "Avante, Dilma, estamos na luta".
Segundo os organizadores, o ato reuniu 5.000 pessoas na capital de Pernambuco. A companhia de trânsito da cidade estima em 2.000 pessoas.
O cenário é parecido ao de Salvador, que reuniu cerca de 800 pessoas, segundo a Polícia Militar. "Respeitem a soberania popular e a democracia" e "Todos pela democracia, abaixo os golpistas" foram duas das faixas erguidas pelos manifestantes.
Em Fortaleza, manifestantes gritaram "Fora o golpe" e "Viva a democracia", empunhando cartazes que condenam os pedidos de impeachment, como "A militância feminina apoia Dilma". O ato reuniu 3.000 pessoas, segundo os manifestantes.
"Pautamos a defesa da Petrobras contra a privatização, a reforma política, a reforma agrária e a defesa da democracia. Não ao golpe da direita", diz Antônia Ivoneide Melo Silva, da direção estadual do MST.
Em Cuiabá, cerca de 500 pessoas, segundo a PM, gritaram várias frases de apoio à presidente Dilma e criticando o que chamam de "golpismo".

Impeachment de Dilma é “inviável e impensável”
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) disse ontem que é "absolutamente inviável e impensável" falar em impeachment da presidente Dilma Rousseff. Segundo o peemedebista, manifestações são "legítimas" e até boas para a democracia, desde que sejam pacíficas, sem agressões a pessoas e a patrimônios.
"Sobre essa história de impeachment, eu nem falo nisso, porque é absolutamente inviável, impensável, é uma quebra da institucionalidade que não é útil para o país. Se o país passa uma dificuldade, você supera essa dificuldade, mas não pensa nessa hipótese", disse Temer, primeiro na hierarquia de uma eventual vacância do cargo.
O deputado Jair Bolsonaro protocolou nesta sexta (13), na Câmara, um pedido de impeachment da presidente Dilma.
Considerado um dos deputados mais conservadores e crítico do PT, o congressista recorre principalmente ao esquema de corrupção na Petrobras, investigado pela operação Lava Jato, da Polícia Federal, para justificar o pedido.
O Solidariedade, partido do deputado Paulinho da Força (SP), anunciou nesta quinta (12) que pretende usar as manifestações para dar fôlego à campanha pelo impeachment. A meta do partido é reunir 1 milhão de assinaturas para entregar ao Congresso um pedido formal para a retirada da petista do comando do país.