Base aliada cobra de Dilma proposta para reajuste do Imposto de Renda

BRASÍLIA (FOLHAPRESS) – Líderes da base aliada cobraram a presidente Dilma Rousseff, ontem, sobre a demora do governo em enviar uma nova proposta de reajuste do Imposto de Renda ao Congresso.
Em reunião com a presidente no Palácio do Planalto, os líderes lembraram à petista que o veto ao reajuste de 6,5% na tabela do imposto poderá ser votado a qualquer momento já que entra obrigatoriamente na pauta da próxima sessão conjunta do Congresso.
A maioria dos congressistas já sinalizou que derrubará a decisão de Dilma.
Segundo o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), o líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE), foi quem fez o alerta à presidente e pediu que, se o governo tem de fato uma proposta alternativa, deveria enviá-la para o Congresso o quanto antes.
"Eu creio que mais importante para o país neste momento é que possamos votar esses vetos e construirmos alguma proposta no que diz respeito a tabela do Imposto de Renda", afirmou Costa.
Há duas semanas, Dilma afirmou que insistirá na correção de 4,5% na tabela porque não há recursos para bancar um reajuste maior. Segundo a presidente, qualquer valor acima disso será vetado novamente.
No ano passado, o Congresso aprovou um reajuste maior, de 6,5%, valor mais compatível com a inflação calculada em 2014, de 6,41%. No entanto, Dilma vetou a medida em 20 de janeiro com o argumento de que a proposta levaria à renúncia fiscal na ordem de R$ 7 bilhões. A presidente se comprometeu a enviar uma nova proposta ao Congresso, mas ainda não a fez.
REUNIÃO – Um dia após ter sido duramente derrotada no Congresso, Dilma se reuniu com todos os líderes da base aliada no Senado na manhã de ontem.
A presidente e os ministros que participaram da reunião – Pepe Vargas (Relações Institucionais), Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloísio Mercadante (Casa Civil) – "se limitaram a mostrar a justeza e a o mesmo tempo a necessidade das medidas que estão sendo tomadas e mostrou também onde queremos chegar", disse Costa.
Tentando colocar panos quentes na situação, o senador afirmou que a reunião foi "boa e descontraída" e que não se discutiu a decisão tomada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de devolver ao governo a medida provisória que aumentava tributos pagos por empresas de vários setores.
O petista afirmou também que Dilma garantiu que discutirá antes com o Congresso as medidas que for adotar daqui para frente.