Reeleição, a resistência
Talvez se deva, realmente, acabar com a reeleição. Isso pode evitar que o governante reeleito, após quatro anos, venha cantarolar iniciativas que normalmente teriam lugar no governo anterior, o dele, ou dela.
O fim da reeleição é sempre cogitado ou figura em um pacote substancial de propostas ou caminha pelos bastidores do poder legislativo esparsamente. Seja como for, se houver um consenso ou uma preferência acentuada, apontados os equívocos do processo, que se vote o fim da reeleição.
Será uma boa medida? Talvez, mas, por certo, vai acabar com a demagogia de certos governantes que ficam a tomar medidas ou anunciá-las quando muito que bem poderiam ter sido resolvidos no mandato inicial. Inclusive, aí vai a contradição, a culpa passada como “maldita”.
Ora, tanto no plano federal como no estadual o que se vê entre os reeleitos é o anúncio de questões possíveis de serem tomadas no primeiro mandato. Não se deve enganar a todos por todo o sempre, como ressaltava Winston Churchill.
A enganação é como mentira, não dura muito e se descobre. O problema é que governantes que já foram oposição disso sabem, mas cometem o mesmo erro na parte que lhes cabe.
PITO NO BRADESCO – Primeiro foi, logo no dia seguinte à posse, o pito no ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, feito pela presidente Dilma Rousseff. Ele até que meio se apagou, ainda que fosse tido como uma esperança plausível no gabinete presidencial. Agora é o titular da Fazenda. Segundo Dilma, Joaquim Levy foi infeliz nas informações sobre medida governamental. Por dever de ofício, os meios de comunicação reprisaram o “pito” durante todo o sábado.
Ora, Levy não era a primeira opção da Presidente da República. Diretor do Bradesco, Levy deixou a alta posição bancária para atender a necessidade de tocar um barco à deriva. Dilma insistia com a presença no Ministério da Fazenda do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi. Ele não aceitou.
E então ou se aplaude a esperteza de Trabuco passando o bastão para um companheiro subordinado ou se indaga como ficaria o presidencial banqueiro diante de um “pito” direto da chefe da Nação. Trabuco responderia com um “tiro”.
Sem dúvida seria sua saída do Governo. Talvez o mesmo não ocorra com Levy. O “pito” não pegou bem. E pode ser o início de uma serie de cutucadas para levar o ministro às cordas. Perde o país, mas Dilma voltará a reinar. Lula acha que ela pode assumir o Governo. A própria parece que se contentou com o primeiro mandato. Então, que deixe seus companheiros governarem. O fato é que Levy não foi quem cometeu os erros do passado recente.