Monte Castello
Outro dia um irmão me indicou a assistir a um vídeo em que os participantes de uma corrida urbana aplaudiam e desviavam seu percurso para cumprimentar um veterano da segunda guerra mundial. Ele assistia ao evento parado, defronte a sua provável residência, e ali permanecia estanque sobre o passeio enquanto pessoas que corriam pela via pública se aproximavam para pegar em sua mão e dizer um simples e valioso “muito obrigado”.
Em meio a tantos aplausos na cena, que lembra como os filhos de antigamente pediam as bênçãos de pessoas que merecem nosso respeito, pais, avós, tios, padrinhos, é possível perceber que num intervalo de 35 segundos, 24 pessoas não se pesam em repetir tal ato. Este acontecimento foi na cidade de San Jose, nos Estados Unidos. Às vezes nos olvidamos daqueles relevante em nosso antepassado.
A segunda Guerra Mundial foi o conflito que resultou o maior número de mortes registradas em combate – estudos apontam entre 50 e 70 milhões de óbitos entre civis e militares – e perdurou longamente de setembro de 1939 a setembro de 1945.
À época do conflito o Brasil permaneceu por muito tempo de modo neutro, imparcial, mas meses depois, tendo seus navios mercantes torpedeados, declarou guerra aos países do eixo em agosto de 1942, mas enviou sua tropa de aproximadamente 25 mil homens à Europa somente em julho de 1944, onde lá cumpriu as missões atribuídas pelo comando aliado.
Pela demora de decisão do Brasil em envolver-se diretamente no evento, dizia-se que era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil participar da guerra na Europa, ironicamente o brasão da Força Expedicionária Brasileira ostenta uma cobra verde fumando um cachimbo sobre um fundo amarelo, com letras brancas sobre um fundo azul, tudo representando as cores da bandeira nacional com bordas na cor vermelha indicando a guerra.
Monte Castello, além de inspirar o título de uma canção de banda de rock brasileira, foi cenário de combate que iniciou em novembro de 1945 perdurou por três meses, onde foram enfrentados, além dos bravos e resistentes inimigos, o inverno com temperaturas de 20 graus negativos e uma imensidão de neve, o que resultou primeiramente em quatro ataques malsucedidos. Ao passo que o desafio transmutou-se em anseio e ganhou aspecto ainda mais relevante pelas baixas brasileiras registradas até então.
Iniciando a operação no dia 20 de fevereiro, a tropa partiu rumo ao norte e ali concretizou seu objetivo já em 22 de fevereiro de 1945, quando as divisões, brasileira e norte americana atuaram de modo conjunto, tal como o general Mascarenhas de Moraes já exigira anteriormente. Cumpriram suas missões ali determinadas e prosseguiram até a rendição adversária completa.
A tomada do Monte Castello, ocorrida há exatos 70 anos, encontra-se dentre as principais ações militares brasileiras que foi protagonizada pelos “Pracinhas”, os quais podem até não terem parado uma maratona como nos Estados Unidos, mas de qualquer forma merecem o reconhecimento, respeito e gratidão por atuarem junto a Força Expedicionária Brasileira, bem como servirem exemplarmente na conduta pelo espírito de corpo, persistência e determinação de busca pela vitória.
Curiosamente quando a tropa iria atuar dizia-se no momento do combate, frase conhecida como momento de tensão, o jargão de que “agora a cobra vai fumar”.