O Sol e a peneira
O PT demonstra seguidamente só saber jogar no ataque. Estes 16 anos por completar no poder, com Lula e Dilma, mostram a mesma tática desde o nascimento da agremiação.
Lula já foi contra Collor, Maluf, Sarney, Fernando Henrique, mas recuou em diversos momentos a eles se aliando e tomando emprestado um prestigio duvidoso dos seus colegas políticos. Isto em momentos de um passado ainda recente.
Chega a vez de cuidar da defesa, o ex-presidente toma à frente já que seus comandados não sabem usar esse setor. Ou, desejando saber, comentem gafes imensas, pois procuram esconder-se no óbvio.
Pois não é que o próprio Lula já fez incursões na defesa? Não é tão difícil lembrar-se do caso Mensalão, em que o ex-presidente, de Paris, manifestava sua descrença na existência daquela operação, como obteve cadeira cativa na defesa de todos os casos em que o seu partido é mencionado como beneficiário das “maracutaias” que surgiram nesse tempo todo.
O PT pode ter participado de algumas inaugurações importantes no país. Não façamos a injustiça de que inventou as “maracutaias”. Lula é o seu criador, o criador do termo. Se em alguns casos fez vista grossa, não estava sozinho e pode ter julgado mal o momento que usou da tática.
A operação Lava Jato prossegue injetando alegria em alguns líderes políticos, mas sobremodo causando mal estar na população sofredora permanente dos gestos políticos e administrativos que nossos dirigentes têm proporcionado.
Não se impute ao PT, porém, a invenção de tudo isso. Partícipe, sim, claro. E com toda a força. Lula pode até defender o tesoureiro de seu partido, Vacari Neto. Na dúvida, diz ele, fiquemos com o companheiro.
O problema é que não se acreditava que José Dirceu e outros líderes dos trabalhadores tinham por missão enriquecer no poder. Inclusive o ex-tesoureiro. Delúbio Soares Se Vacari copiou os gestos de Delúbio, tudo será apurado. Que Lula o defenda, tomemos como missão do líder.
Mas há evidencias de que o partido foi beneficiado ou vem sendo beneficiado através dos anos e seu caminho se estreita entre os palácios e as delegacias, sobretudo às que têm cárceres. Com ele, o PP, o PMDB, conforme as denúncias. Dir-se-á que até o momento só falaram os indiciados. Sim, o problema é que ao fim e ao cabo será bastante possível que a população brasileira deseje que todos sejam empacotados e definitivamente enviados para a prisão, denunciantes e denunciados.
E com tudo isso, o temor de que a Petrobras realmente não é uma ilha condenável. Outras instituições poderão ser alvo de investigações. Os indícios estão aí. E os órgãos competentes de investigação, como Polícia Federal, Ministério Público, sejam direcionados a seus trabalhos em outros mal feitos que os tornem companheiros de combate sistemático aos crimes do “colarinho branco”.
Se isso se tornar necessário, que assim seja. Não compartilhemos da desgraça alheia. Mas se há uma enxurrada por vir, que venha logo. Precisamos saltar dignamente estes percalços e deixar que os honestos tomem seus lugares na condução das questões brasileiras. Em todos os níveis. O que não dá é “tapar o sol com a peneira”.