Atrás de receita, interior adere ao sócio-torcedor

O site do jornal Gazeta do Povo, de Coritiba, publicou matéria do jornalista Guilherme Moreira informando que os clubes do interior do Paraná, em busca de receitas, aderem ao sócio torcedor. Seis dos oito times de fora de Curitiba lançaram pacotes fechados de ingresso para a 1ª Divisão.
Ainda que não explicado detalhadamente, o Atlético de Paranavaí, integrante da segunda divisão, também lançará um programa de sócio-torcedor.
De acordo com a matéria, quem tem calendário anual, cobra mensalidade. Se a agenda está garantida até o fim do Estadual, a saída é lançar pacotes de ingresso parcelados. Tudo com o mesmo objetivo: atrair um público fiel para a arquibancada e aumentar receita.
Estreante na elite estadual, o FC Cascavel traçou uma estratégia nada modesta. São quatro planos, que variam de R$ 150 a R$ 2,5 mil e dão a garantia de apenas cinco jogos em casa.
“O valor do ingresso avulso é R$ 40,00. Se o torcedor associar, fica praticamente a metade do preço e ainda tem inúmeras vantagens, como ganhar a camisa oficial logo na adesão. O Cascavel é um time que não tem verba e o custo é altíssimo para disputar o torneio”, explica Thiago Heitor Presser, diretor da OK Ingressos, que também gerencia os planos de Maringá e Foz.
A OK determina os planos e faz projeções com base em estudo de bilheteria. No caso do Cascavel, a meta é chegar a mil sócios. Hoje, são 150. Número razoável se comparado ao do atual campeão paranaense.
Integrante do Movimento Futebol por um Mundo Melhor, encabeçado pela cervejaria Ambev, o Londrina tem 307 sócios. É o 42º clube em um universo de 57 participantes de todo o país.
A ideia é alavancar o número na atual temporada. Além da defesa do título paranaense, o LEC tem para 2015 a disputa da Série C do Brasileiro. Também conta com o plano mais barato do Estadual: R$ 15, na categoria mais básica, o Sócio Tubarão Bronze, com acesso a todos os jogos como mandante.
Rio Branco e Operário também fazem parte do programa da Ambev. Aderiram no fim de 2014.
Confirmado na primeira divisão em novembro, com a desistência do Arapongas, o Foz do Iguaçu correu para também ter seu plano de associação. Serão cerca de dez dias entre o lançamento dos pacotes e a primeira partida no Estádio do ABC, dia 8 de fevereiro, contra o Nacional de Rolândia.
“Acredito que a gente tenha isso tudo disponível na quarta-feira. Ficou tudo muito em cima e tivemos de nos adaptar. Por ser novidade, a cidade vai nos apoiar”, confia Roberto Mafra, gerente de marketing. Os planos vão de R$ 350 a R$ 1 mil.
Prudentópolis e Nacional de Rolândia serão os únicos clubes sem sócio-torcedor. Preferem apostar na venda avulsa tradicional. Relação direta com o fato de serem das duas cidades de menor população com time no Estadual: 49 mil e 57 mil, respectivamente.

Fantasma segue política do Atlético
O Estádio Germano Krüger terá um pouco de Arena da Baixada em  2015. Mil cadeiras do Caldeirão antes da reforma para a Copa do Mundo de 2014 foram instaladas. Serão usadas pelos sócios-torcedores do Operário, maneira mais barata de seguir o Fantasma na temporada. A exemplo do Atlético, a quem pagou R$ 50 mil pelas cadeiras, o time de Ponta Grossa subiu o preço do ingresso avulso para estimular as associações.
“Instalamos mil cadeiras padrão Fifa, catracas eletrônicas, novos banheiros, bares, acessos e estacionamento. E jogamos o preço do ingresso lá em cima. Nosso ingresso avulso é supercaro , mas a ideia é mudar a mentalidade do torcedor, para ele se tornar sócio”, afirma Antonio Mikulis, ex-presidente e atual diretor de futebol do Operário. “Não adianta o sujeito se declarar torcedor apaixonado. É preciso colocar dinheiro no clube”, finalizou, em um discurso que poderia ter saído da boca de Mario Celso Petraglia.
O ingresso supercaro citado por Mikulis é de R$ 80 – R$ 40 a meia-entrada. Ano passado, estes eram os valores das cadeiras do Germano Krüger. A arquibancada era comercializada a R$ 30.
A nova política está dando certo. O plano de sócios do Operário já tem 400 membros. A meta é começar o Paranaense com pelo menos 2 mil.

Sócio, mas não eleitor
Ser sócio-torcedor dos clubes paranaenses não é, necessariamente, sinônimo de participar da vida política do clube. Somente a partir de uma determinada categoria o associado tem direito a voto. No Rio Branco, por exemplo, somente os sócios prata e ouro podem participar das eleições. Times como Cascavel, Foz e J. Malucelli também oferecem apenas acesso à arquibancada e, no caso dos times do interior, benefícios em produtos e serviços de parceiro.