Oficina Terapêutica

O aumento na expectativa de vida e o percentual de idosos na população é um fenômeno universal. Para que o envelhecimento seja bem sucedido são necessárias políticas e práticas eficazes, que propiciem a valorização da identidade do sujeito idoso, com qualidade de vida e integração biopsicossocial satisfatória e digna.
A Organização Mundial de Saúde adotou no final dos anos 90 o termo “envelhecimento ativo” um expressar muito mais abrangente que “envelhecimento saudável”.
Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades para a saúde, a participação e a segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem.
As ações públicas e privadas que apoiam e incentivam o envelhecimento ativo são absolutamente necessárias e permitem que as pessoas, com 60 anos e mais, continuem a trabalhar de acordo com suas capacidades e preferências, prevenindo e retardando incapacidades e doenças crônicas que têm alto custo para os indivíduos, as famílias e sistemas de saúde.
É importante ressaltar que a idade cronológica não é um marcador preciso para as mudanças que acompanham o envelhecimento e sim um conjunto de fatores tais como o estado de saúde, nível de autonomia e independência e participação sócio familiar.
No momento em que se criam meios e ações mais eficazes que contribuam para o resgate de um sujeito idoso, fornecendo-lhe meios e condições para uma vida mais satisfatória e digna, propicia-se o repensar sobre os processos do envelhecimento como algo inerente ao desenvolvimento humano, desvinculando a velhice da exclusão, patologia, improdutividade e estagnação.
Segundo Anita L. Neri (2004), no campo do tratamento e da reabilitação é comum, hoje, pensar em ações multiprofissionais, oferecendo alternativas de ajuda aos familiares de idosos acometidos de doenças que causam incapacidade física e cognitiva, organizando grupos de apoio emocional de informação e de autoajuda (NERI, 2004, p.21-22).
Todos se preocupam em viver uma vida satisfatória e feliz. No entanto, para muitas pessoas, a vida pode tornar-se difícil de suportar, sem sentido e vazio. A maioria das fórmulas que prometem a felicidade e satisfação, especialmente o consumo, o utilitarismo e a técnica, não tem se mostrado sempre como saída para a realização pessoal.
Tem-se sim, diversas alternativas que oferecem prazer imediato, uma alegria ligada ao ter coisas e qualidades pessoais, reconhecimento social e profissional. É provável que as pessoas que já viveram mais tenham mais sabedoria acumulada.
Podem ajudar a vislumbrar elementos essenciais para que a existência seja repleta de sentido e menos fundamentada em elementos exteriores, efêmeros e possivelmente aparentes. Aqueles que já viveram muitos anos, conseguem olhar através da cultura atual, ultrapassando o aqui e agora, as ênfases ou tônicas da história atual e podem oferecer elementos de reflexão que transcendem perspectivas imediatas.
A partir do balanço que a pessoa faz no final da vida é possível constatar investimentos que valeram à pena e que trouxeram satisfação em longo prazo e aqueles que não trouxeram.
As pessoas idosas desejam e podem permanecer ativas e independentes por tanto tempo quanto for possível se o apoio adequado lhes for proporcionado. Os idosos encontram-se potencialmente em risco não apenas porque estão velhos, mas porque estão vulneráveis à incapacidade a partir de suas próprias mentes, seus corpos e seu meio físico e social (VERAS, 1995, p. 24).
Segundo Salgado (1996), a questão social dos velhos não pode continuar sendo secundarizada, nem sendo objeto de políticas tímidas e soluções menores. A existência plena não é propriedade dos jovens, é um direito de todos os que estão vivos. Os velhos têm algumas décadas a mais de cidadania do que os jovens. Se isso não lhes confere a precedência, lhes dá, pelo menos, o direito de lutar por uma melhor qualidade de vida.
Gandolpho e Novaes (2002, p. 20) dizem que, “a visão estereotipada da velhice pode ser modificada por meio da informação e do contato com os idosos, proporcionando novas experiências, as quais poderão contribuir para a (re) formulação dos valores sociais”.
Isso se confirma com Scortegagna (2001), ao dissertar sobre o envelhecer saudável, diz que o refletir com a comunidade sobre o processo do envelhecimento, considerando que cada ser é único e cada ser tem a sua história, traz repercussões, que podem influenciar em seu meio e no coletivo.
Em uma população onde cresce o contingente idoso, há de se criar, pois, constantemente meio e formas de participação e valorização desses na sociedade.