Rádio do EI qualifica como “heróis” autores de atentado na França
O boletim da rádio online Al Bayan afirmou que "heróis jihadistas mataram 12 jornalistas e feriram mais dez que trabalhavam no jornal ‘Charlie Hebdo’ para vingar o profeta Maomé".
Na verdade, dos 12 mortos, oito eram jornalistas, dois eram policiais, um era funcionário do prédio e outro era um convidado que acompanhava o dia no jornal.
A rádio recorda que a publicação "não parou de atentar contra o profeta desde 2003", em alusão às caricaturas de Maomé que eram frequentes nas páginas do "Charlie Hebdo".
O ataque ainda não foi reivindicado por nenhum grupo jihadista, mas um sobrevivente alega que os terroristas gritavam "vingamos o profeta" e "Allah Akbar" (Deus é o maior, em árabe) enquanto atiravam.
Na quarta-feira à noite, a polícia francesa identificou os terroristas como os irmãos Said, 34, e Chérif Kouachi, 32 -franceses de origem árabe, que seriam moradores de Gennevilliers (periferia de Paris).
Eles continuam foragidos.
Um terceiro suspeito, Hamyd Mourad, 18, entregou-se em uma delegacia de Charleville-Mézières (a cerca de 230 km de Paris) na noite desta quarta-feira (madrugada dequinta na França).
Segundo a agência AFP, ele teria decidido se entregar "depois de ver seu nome circulando pelas redes sociais".
Amigos de Mourad acreditam em sua inocência. Alguns alegam que estavam tendo aula com ele na hora dos atentados.
SUSPEITO ERA CONHECIDO – O francês Cherif Kouachi, de 32 anos, procurado com seu irmão Said, de 34, pelo ataque que deixou 12 mortos no jornal "Charlie Hebdo", é um jihadista muito conhecido pelos serviços antiterroristas franceses, condenado em 2008 por participar de uma rede de recrutamento de combatentes para o Iraque.
Nascido em 28 de novembro de 1982 em Paris, francês de nacionalidade e apelidado Abu Isen, Cherif Kouachi integra a chamada "rede de Buttes-Chaumont". Sob a autoridade do "emir" Farid Benyettu, essa rede permitia enviar jihadistas para incorporá-los ao braço iraquiano da Al Qaeda, então dirigida por Abu Mussab al Zarquawi.
Detido pouco antes de viajar à Síria e dali ao Iraque, Cherif foi julgado em 2008 e condenado a três anos de prisão, com 18 meses sob liberdade condicional.
Dois meses depois, seu nome apareceu em um plano de fuga da prisão do combatente islâmico Smain Ait Ali Belkacem, membro do Grupo Islâmico Armado Argelino (GIA), condenado em 2002 à prisão perpétua pelo atentado que deixou 30 feridos na estação Museu d’Orsay de Paris, em outubro de 1995.
Cherif era suspeito de ser ligado a Djamel Beghal, outra figura do Islã radical francês, que cumpriu dez anos de prisão por preparar atentados, com quem teria treinado.
SUPOSTO CÚMPLICE DETIDO
Com cabeça de forma ovalada raspada e barbicha rala na foto divulgada na madrugada de ontem pela polícia, Cherif pode "estar armado e ser perigoso", assim como seu irmão Said, nascido em 7 de setembro de 1980, também em Paris.
Este último, também de nacionalidade francesa, aparece na foto policial com olhos castanhos, cabelo curto castanho e barba.
Os dois irmãos são suspeitos de ter cometido o massacre no "Charlie Hebdo", que também deixou 11 feridos. A carteira de identidade de Said foi encontrada em um carro abandonado pelos foragidos no nordeste de Paris.
O suposto cúmplice dos dois irmãos, que se apresentou à polícia no nordeste da França, Mourad Hamyd, de 18 anos, é cunhado de Cherif. Ele é suspeito de ter ajudado os atiradores.
Uma testemunha informou sobre a presença de um terceiro cúmplice no carro no momento da fuga dos agressores.
Hamyd se apresentou à polícia na cidade de Charleville-Mézières "ao ver que seu nome circulava nas redes sociais", explicou à AFP uma fonte próxima ao caso.
No entanto, usuários do Twitter que se apresentaram como companheiros de classe tuitaram anteriormente que Mourad Hamyd era inocente e estava na aula com eles no momento do ataque.