Mano Menezes reclama de “trairagem”

SÃO PAULO – O Corinthians realizou na manhã de ontem o último treino da temporada 2014. O técnico Mano Menezes e os jogadores foram observados pelo presidente do clube, Mário Gobbi.
A presença do mandatário não é inédita. Ao longo da temporada e, especialmente nas últimas semanas, o cartola virou figura presente nas atividades da equipe.
A novidade, no entanto, foi Gobbi acompanhar a entrevista de Mano aos jornalistas. O presidente ficou nas cadeiras reservadas à imprensa e não na bancada, ao lado do treinador, como seria esperado –Gobbi também não foi alvo de perguntas e nem atendeu os jornalistas.
"O presidente comunicou oficialmente durante o treino que iria assistir minha última entrevista coletiva. Isso me causou constrangimento porque queria bater [criticar] um pouco", disse Mano, com um sorriso, fazendo Gobbi e os jornalistas darem risadas.
Como já esperava, o treinador ouviu inúmeros questionamentos sobre seu futuro e a possível saída do Corinthians –a diretoria já sinalizou que não pretende renovar porque não há consenso entre os candidatos à presidência para eleição de 2015.
Todas às vezes respondeu que falará sobre seu futuro após o jogo com o Criciúma, hoje (16h30).
O treinador, que também não confirmou se vai sair do clube nem os planos para o 2015. Chamou a atenção ao falar sobre os problemas que são comuns no futebol. Entre eles, citou "trairagem".
"O processo [de definição do treinador para 2015] não foi conduzido bem internamente e externamente. No futebol, evoluímos em muitas coisas, mas tem três coisas que não eliminamos: salário atrasado, trairagem e rachão", disse.
Ao ser questionado sobre o que queria dizer com trairagem, Mano fez uma longa explicação, mas não apontou o motivo.
"O que não vejo no futebol brasileiro é uma evolução como educação esportiva. Vivemos de ciclos. Mesmo um lugar onde você aprendeu como fazer acaba regredindo. Mesmo quando vivemos ciclo vitoriosos que deixaram lições, vivemos um retrocesso. O que falta no futebol brasileiro é esse aprendizado."
PERSEGUIÇÃO – Mano também repercutiu a declaração de Andres Sanchez, ex-presidente do clube, que disse na quinta-feira que o trabalho do técnico foi bom e que teria renovado há três meses. Disse também que parecia existir uma campanha contra o treinador, uma perseguição.
"Por causa das declarações do ex-presidente eu pretendia bater no presidente Mario Gobbi. Ficou claro que é o presidente que não quer renovar comigo", disse Mano, aos risos.
"Não me sinto injustiçado. Futebol é assim. Vim aqui fazer meu trabalho. É o último ano de mandato do presidente e fizemos uma boa parte do que tinha de ser feito. As pessoas tem o direito de pensar diferente. Não existe perseguição. Eu procuro construir meu trabalho. Há muitos sentimentos no futebol, mas o melhor é quando você vai para casa com consciência tranquila."

DECISÃO COM CRICIÚMA

Mano ainda falou sobre a partida contra o Criciúma, hoje (16h30), no Itaquerão, pela última rodada do Campeonato Brasileiro.
Com 66 pontos, o Corinthians precisa vencer e torcer por um tropeço do Internacional contra o Figueirense, em Florianópolis, para ficar com a vaga direta na fase de grupos da Copa Libertadores do próximo ano.
"Esse jogo influenciará a maneira como o Corinthians iniciará a Libertadores do ano que vem. Não é possível intervir no jogo Inter x Figueirense. Só é possível fazer bem nossa parte bem. Esse é nosso desejo. Encerramos a temporada com os jogadores com bom espírito para fazer nossa parte", disse.
O técnico só não terá dois jogadores a disposição: o zagueiro Gil e o atacante Luciano  – ambos cumprem suspensão por terceiro cartão amarelo.
O time titular deve ser: Cássio; Fágner, Felipe, Anderson Martins e Fábio Santos, Ralf, Elias, Petros e Renato Augusto; Malcom e Guerrero.