Educar com arte

O professor tem um papel de grande relevância na aquisição de conhecimento e no desenvolvimento infantil. Ele faz a mediação dos saberes que a educação formal oferta e a cultura própria que a criança advém de sua realidade.
Sendo assim, a educação por meio do conhecimento sistematizado fornece ao cérebro humano informações que elevam a potencialidade, o aumento de suas conexões e a transformação das funções mentais.
No entanto, esse processo só é alcançado através da estimulação, e o professor é o mediador destas situações, problemas que desencadeiam novas formas de aprender. Assim, para Antunes (2005, p.15): “A ajuda serena, na quantidade suportável, no tempo certo é importantíssima”.
Já o arte-educador realiza o papel que o professor desempenha, mas vai além de ensinar. Ele vale-se das artes para atingir o objetivo educacional, promovendo um ensino prazeroso, criativo, dinâmico e gostoso.
Neste sentido, as “expressões artísticas” estão no sentido de ser, uma forma de linguagem verbal e um modo de favorecer possíveis diálogos. O intuito “terapêutico da atividade artística é o de tentar conduzir a pessoa para contornar suas dificuldades e assim superá-las”. (ORMEZZANO, 2011, p.69).
Portanto, é essencial que o professor, por meio de uma formação continuada, passe a assumir postura diferenciada. O “arte-educador” é um profissional inovador, crítico, sensível, afetuoso, reflexivo, comprometido, pesquisador, despojado, solidário, preocupado com o desenvolvimento de um ser humano integral.
Conforme Rossini (2004, p.44), o professor precisa ser liderança positiva, pois representa a família e a lei no ambiente escolar. Necessita ter qualidades humanas indispensáveis como: “equilíbrio emocional, responsabilidade, caráter, alegria de viver, ética e principalmente gostar de ser professor”.
Por conseguinte, a afetividade está ligada ao conhecimento. Logo, as questões afetivas precisam ser trabalhadas para que se desenvolvam. Para Rossini (2004, p.15-16): “A falta de afetividade leva à rejeição aos livros, à carência de motivação para a aprendizagem, à ausência de vontade de crescer. Aprender deve estar ligado ao ato afetivo, deve ser gostoso prazeroso”.
A criança não perde tempo com julgamentos e mesquinharias. Ela simplesmente gosta. Nela ainda permanece a sensibilidade, imaginação, inocência, pureza de espírito que as fazem encantar-se com o voo dos pássaros, com joaninha, viajar por um mundo de sonhos, dar vida a objetos, etc.
Ao contrário do adulto, que perdem tempo com as complicações da vida enquanto as crianças ganham tempo vivendo a vida simples como ela é. A arte tem a capacidade de fornecer mecanismos que venham a promover o florescimento da afetividade. “Se a criança está feliz, ela aprende, ela faz”. (ROSSINI, 2004, p.17).
Para Barreira e Brasil (2012, p.19), a linguagem da arte é muito essencial. Ela faz com que o homem reflita sobre seus sentimentos, a sua existência e as relações com o outro. “Sabe o homem que as emoções é que é o sal da vida. […] quando o homem quer falar ao coração dos outros homens ele o faz pela linguagem da arte. Quando isso acontece, naquele homem sente e age o artista”. Certamente, este é o cerne da questão trabalhar com as crianças fazendo uso da arte por meio de suas formas artísticas, despertando afetividade e emoção, focando no seu crescimento global, sendo um arteeducador.
Afinal, a arte por si só faz o trabalho com suas cores, desenhos, formas, ritmos, movimentos e fantasias e o arteeducador é o mediador dessa arcaica e ao mesmo tempo nova forma de aprender, com alegria e comprometimento. O que vai fazer o profissional diferente segundo Cubas (2014) é “a arte de ensinar”, ou seja, a forma como ele ensina, através das atividades artísticas. E a criança é a obra prima, pronta para ser transformada mediante a arte.

Colaboração:
Meire A.Novaes Fonseca
Pedagoga/Psicopedagoga/Arteterapeuta