Segundo as escrituras
Quando lemos o Novo Testamento hoje, encontramos profissões de fé das comunidades cristãs, que direta ou indiretamente tiveram uma experiência com Jesus Ressuscitado. Aqueles que conviveram com o personagem Jesus de Nazaré e experimentaram a sua ação salvadora, por suas palavras (mensagens), ações e chegaram a reconhecer que Aquele homem era o Messias prometido há muito ao Povo de Israel, era o Profeta (Enviado por Deus) dos fins dos tempos.
Para o povo, Jesus era “um dos profetas” (Mc 6,15; 8,27-28; Lc 7,39; Mt 21,11.16; Jo 6,14-15; Jo 1,21). Em Lucas 24,19, os assim chamados “discípulos de Emaus” mostram também que durante a vida de Jesus eles o haviam reconhecido como profeta.
A relação entre Jesus e o Espírito de Deus que caracteriza o profeta está presente em Jesus. Para os que nele confiavam, Jesus estava cheio do Espírito (Lc 11,14-23; Mt 12,22-30; Mt 11,13-20). Significativo é sobretudo que em Lc 4,16-21 a atuação pública de Jesus começa com um sermão na sinagoga, onde Jesus explica Isaías 61,1-2 como se realizando “aqui e agora”. No tempo de Jesus, esse trecho de Isaías, era interpretado como o grande anuncio do Cristo-Profeta-Escatológico.
Interessante talvez, para interpretação messiânica de Jesus como profeta escatológico é Jo 6,14: “Este é verdadeiramente o profeta aquele que deve vir ao mundo”, este versículo parece conter lembranças históricas, menos a expressão joanina “neste mundo”.
Principalmente pela defesa profética, e até mais que profética, que Ele faz dos humildes e dos social e religiosamente discriminados, também aí aparecem os traços do grande profeta, que seria o último, na base de Is 11,4-6 e 61,1-2.
O batismo de Jesus no Jordão, fato histórico, (Mc 1,10-11; Mt 3,16-17; Lc 3,21-22 e Jo 1,32), é interpretado para nos dizer que: em Jesus confluem também o messianismo régio e o sacerdotal; Jesus é o “repleto do Espírito Santo”, o cumpridor das grandes promessas do Antigo Testamento, tanto Is 11,2 como 42,1-2; tanto Is 61,1 (ver At 10 e Lc 4) como Sl 2,7.
São essas interpretações sinóticas e joaninas do batismo de Jesus At 3,11-26 e At 7,37 que dizem explicitamente que Jesus cumpriu as expectativas a respeito do profeta dos últimos tempos que seria “Como Moisés” Dt 18,15.
Foi assim que profetas cristãos interpretaram a vida de Jesus à luz de textos do Antigo Testamento. 2 Pedro 1,16-21 alude a essa interpretação profética, judaica-carismática do Antigo Testamento, já praticada também por cristãos.
A Escritura era para os primeiros cristãos o livro dos grandiosos feitos e promessas de Deus, expressão da vontade de Deus e de seus planos salvíficos. Inicialmente essa Escritura não era o que acabou sendo depois – o “Antigo Testamento”. Era a viva Escritura deles, à luz da qual os primeiros cristãos “liam” e interpretavam novos acontecimentos e experiências históricas. Os fiéis comuns, no judaísmo não eram doutos escribas, nem de longe, mas a vida deles se alimentava isto sim, dos Salmos e dos escritos que regularmente eram lidos e explicados em suas celebrações sinagogais. Inicialmente, esses cristãos não conseguiram entender os sofrimentos e a morte de Jesus; sua fé em Deus era grande, sim, e sua confiança superava os fatos dolorosos e gritantes que eles haviam presenciado. Não entenderam logo o acontecido, mas sabiam: este justo, rejeitado por autoridades oficiais, não podia ter sido abandonado por Deus. Era essa a espiritualidade de suas Escrituras. Diante do horizonte dessa espiritualidade, na qual o próprio Jesus havia vivido, eles tentaram situar o que havia acontecido com ele.
Jesus era um israelita, e também seus confidentes e seguidores pensavam como israelitas crentes. Iriam interpretar Jesus de maneira israelita. As suas experiências extraordinárias com Jesus, bem como o horizonte de suas experiências religiosas como israelitas, dentro do qual verbalizavam as suas experiências, constituíam para eles uma só história, dentro da qual o seu “hoje” era iluminado pelo passado de Israel, e seu passado era iluminado pelo israelita Jesus; e tudo isso constituía para eles uma só realidade. O novo que havia acontecido com Jesus, eles o podiam compreender e verbalizar nas categorias do A.T. e da fé judaica, resultado de séculos de experiência de Israel, com a vontade de Deus, formulada nos seus livros sagrados, por isso mesmo entendiam tudo, “SEGUNDO AS ESCRITURAS”.
(Texto redigido apartir do livro: Jesus a história de um vivente – Edward Schillebeeckx).
Para o povo, Jesus era “um dos profetas” (Mc 6,15; 8,27-28; Lc 7,39; Mt 21,11.16; Jo 6,14-15; Jo 1,21). Em Lucas 24,19, os assim chamados “discípulos de Emaus” mostram também que durante a vida de Jesus eles o haviam reconhecido como profeta.
A relação entre Jesus e o Espírito de Deus que caracteriza o profeta está presente em Jesus. Para os que nele confiavam, Jesus estava cheio do Espírito (Lc 11,14-23; Mt 12,22-30; Mt 11,13-20). Significativo é sobretudo que em Lc 4,16-21 a atuação pública de Jesus começa com um sermão na sinagoga, onde Jesus explica Isaías 61,1-2 como se realizando “aqui e agora”. No tempo de Jesus, esse trecho de Isaías, era interpretado como o grande anuncio do Cristo-Profeta-Escatológico.
Interessante talvez, para interpretação messiânica de Jesus como profeta escatológico é Jo 6,14: “Este é verdadeiramente o profeta aquele que deve vir ao mundo”, este versículo parece conter lembranças históricas, menos a expressão joanina “neste mundo”.
Principalmente pela defesa profética, e até mais que profética, que Ele faz dos humildes e dos social e religiosamente discriminados, também aí aparecem os traços do grande profeta, que seria o último, na base de Is 11,4-6 e 61,1-2.
O batismo de Jesus no Jordão, fato histórico, (Mc 1,10-11; Mt 3,16-17; Lc 3,21-22 e Jo 1,32), é interpretado para nos dizer que: em Jesus confluem também o messianismo régio e o sacerdotal; Jesus é o “repleto do Espírito Santo”, o cumpridor das grandes promessas do Antigo Testamento, tanto Is 11,2 como 42,1-2; tanto Is 61,1 (ver At 10 e Lc 4) como Sl 2,7.
São essas interpretações sinóticas e joaninas do batismo de Jesus At 3,11-26 e At 7,37 que dizem explicitamente que Jesus cumpriu as expectativas a respeito do profeta dos últimos tempos que seria “Como Moisés” Dt 18,15.
Foi assim que profetas cristãos interpretaram a vida de Jesus à luz de textos do Antigo Testamento. 2 Pedro 1,16-21 alude a essa interpretação profética, judaica-carismática do Antigo Testamento, já praticada também por cristãos.
A Escritura era para os primeiros cristãos o livro dos grandiosos feitos e promessas de Deus, expressão da vontade de Deus e de seus planos salvíficos. Inicialmente essa Escritura não era o que acabou sendo depois – o “Antigo Testamento”. Era a viva Escritura deles, à luz da qual os primeiros cristãos “liam” e interpretavam novos acontecimentos e experiências históricas. Os fiéis comuns, no judaísmo não eram doutos escribas, nem de longe, mas a vida deles se alimentava isto sim, dos Salmos e dos escritos que regularmente eram lidos e explicados em suas celebrações sinagogais. Inicialmente, esses cristãos não conseguiram entender os sofrimentos e a morte de Jesus; sua fé em Deus era grande, sim, e sua confiança superava os fatos dolorosos e gritantes que eles haviam presenciado. Não entenderam logo o acontecido, mas sabiam: este justo, rejeitado por autoridades oficiais, não podia ter sido abandonado por Deus. Era essa a espiritualidade de suas Escrituras. Diante do horizonte dessa espiritualidade, na qual o próprio Jesus havia vivido, eles tentaram situar o que havia acontecido com ele.
Jesus era um israelita, e também seus confidentes e seguidores pensavam como israelitas crentes. Iriam interpretar Jesus de maneira israelita. As suas experiências extraordinárias com Jesus, bem como o horizonte de suas experiências religiosas como israelitas, dentro do qual verbalizavam as suas experiências, constituíam para eles uma só história, dentro da qual o seu “hoje” era iluminado pelo passado de Israel, e seu passado era iluminado pelo israelita Jesus; e tudo isso constituía para eles uma só realidade. O novo que havia acontecido com Jesus, eles o podiam compreender e verbalizar nas categorias do A.T. e da fé judaica, resultado de séculos de experiência de Israel, com a vontade de Deus, formulada nos seus livros sagrados, por isso mesmo entendiam tudo, “SEGUNDO AS ESCRITURAS”.
(Texto redigido apartir do livro: Jesus a história de um vivente – Edward Schillebeeckx).