Lágrimas de fogo

Gregorio Vivanco Lopes*

Em Mosul (Iraque), os jihadistas muçulmanos mataram milhares de cristãos, há centenas de milhares de refugiados, um verdadeiro genocídio religioso. Apesar de viverem ali há muitos séculos e falarem a língua de Jesus (o aramaico), os cristãos não podem mais permanecer, pois são massacrados.
Na China, as autoridades comunistas se aferram a uma campanha contra a Igreja Católica e instituições cristãs. Desde janeiro o governo demoliu 360 cruzes ou edifícios cristãos, segundo relatório da agência “Asia News”.
Na Nigéria, os muçulmanos do Boko Aram já mataram milhares de cristãos, sem contar os sequestros, as escravizações e as violações, a destruição e o incêndio de igrejas e escolas cristãs.
A indiferença no Ocidente a tudo isso é assombrosa. Autoridades civis e religiosas calam-se como se o assunto não lhes concernisse. A preocupação é promover o aborto, defender as invasões de terras e de casas.
Em artigo intitulado “A indiferença que mata”, o historiador e jornalista italiano Ernesto Galli della Loggia, é bastante claro: “Digamos a verdade: a quantos aqui na Europa e no Ocidente importa realmente a enésima matança de cristãos, pela explosão de uma bomba em uma igreja na Nigéria?
“Além disso, a quantos importou realmente algo, que cristãos fossem obrigados a fugir de Mosul, em 24 horas, sob pena de morte ou conversão forçada ao Islã? Ninguém. Assim como ninguém jamais levantou um dedo para ajudar as centenas de milhares de cristãos que fugiram ao longo deste ano do Iraque, da Síria, de todo o mundo árabe.
“Quantas resoluções os países ocidentais apresentaram à ONU sobre seu destino? Quantos milhões de dólares pediram às agências das Nações Unidas para ajudá-los? E já são anos em que o massacre continua, quase diariamente: às dezenas e dezenas cristãos foram queimados vivos ou mortos nas igrejas da Índia, do Paquistão, do Egito, da Nigéria.
“E sempre no silêncio ou pelo menos na omissão geral. O que, por exemplo, foi feito de concreto para as 276 jovens cristãs sequestradas há algum tempo, também na Nigéria, pela seita jihadista do Boko Haram?” (“Corriere della Sera”, Milão, 28-7-14).
E as autoridades religiosas, mesmo as mais altas, por que se calam? Ou se algo murmuram, é com um som quase inaudível, um sussurro sem consequências.
Em sua famosa “Via Sacra”, Plinio Corrêa de Oliveira exclamava: “Quantos são os que realmente veem o pecado e procuram apontá-lo, denunciá-lo, combatê-lo, disputar-lhe passo a passo o terreno, erguer contra ele toda uma cruzada de ideias, de atos, de viva força se necessário for?”
Como pode a Santíssima Virgem não chorar sobre o mundo diante desse quadro? E quando suas lágrimas se transformarem em fogo, como será?