O mal deu a oportunidade de contra-atacar, diz Aranha
Nele, com duração de pouco mais de quatro minutos, Aranha, que ressalta não gostar de dar entrevistas ou se promover às custas de um episódio como esse, lamenta o ocorrido e tenta explicar a lógica que move os insultos racistas.
"A gente vive num país miscigenado: muita gente, muitas raças, muitas cores, cada vez com uma quantidade maior de misturas. Se tem um lugar que não cabia esse tipo de coisa [racismo], é aqui. Palavras ferem. Sei que algumas pessoas fazem xingamentos racistas para os atletas com o intuito de ferir, de desestabilizar. Só que é uma maneira errada e tem leis para isso, que a gente espera que sejam cumpridas", diz o goleiro.
Aranha ainda se disse aliviado com as manifestações racistas no estádio, que então poderão ser combatidas.
"Fico aliviado e de certa maneira satisfeito, porque o mal, quando ele não aparece, ele cresce e se fortalece. Para a nossa felicidade, ontem esse mal mostrou sua cara e deu a oportunidade de a gente se manifestar, de contra-atacar", reflete Aranha.
O goleiro termina o vídeo pedindo união de todas as pessoas na luta contra todas as formas de preconceito: de cor, gênero, religião, entre outros.
Imagens cedidas pela ESPN Brasil, que transmitia a partida, mostram ao menos uma torcedora gritando o que parecia ser ‘macaco’.
Grêmio identifica 5 por atos racistas e vai expulsar 2 sócios
O Grêmio identificou dez torcedores envolvidos nos tumultos da partida contra o Santos. Entre eles, cinco torcedores foram apontados por envolvimento com o ato racista contra o goleiro Aranha, do time paulista, e dois deles são sócios do clube.
Os sócios serão expulsos, segundo Nestor Hein, vice-presidente do Grêmio. Os outros cinco foram identificados por invasão do campo e arremesso de objetos durante a partida.
Os dez torcedores ficarão proibidos de entrar na Arena por tempo indeterminado, de acordo com o dirigente.
"Foram 30.190 pessoas presentes no estádio nessa partida. Dez se portaram mal e trazem um enorme estigma para o clube", diz Hein.
De acordo com o vice-presidente, a imagem do clube fica manchada, associada ao racismo, injustamente.
"Um clube que tem uma estrela no brasão para homenagear Everaldo [Marques da Silva, campeão mundial em 1970] e um hino escrito por Lupcínio Rodrigues, ambos negros, não é racista", afirma Hein.
A repercussão do ato de racismo contra Aranha começou após uma imagem mostrar na televisão uma torcedora gremista chamando o jogador de "macaco" durante a partida.