Frei Afonso Pflaum sepultado na Alemanha
O corpo de Frei Afonso Pflaum, 75 anos, falecido dia 22/07, foi sepultado sábado (26/07/14) em Bramberg-Bayern, na Alemanha, onde se encontrava desde 2009 e de onde era natural. Afonso nasceu em 19/02/1939 e faleceu em 22/07/2014. Frei Afonso por quase 44 anos trabalhou no Brasil e grande parte desse tempo em Paranavaí, onde realizou um trabalho de evangelização.
Frei Afonso retornou para a cidade onde nasceu e ainda vivem seus familiares, que o cercaram de carinho nos últimos dias de vida.
O Fr. Claudemir Rozin foi designado pela Província do Paraná para acompanhar o sepultamento e enviou um e-mail relatando como foi.
Diz o texto:
Caros confrades, o sepultamento de Frei Afonso aconteceu na manhã deste sábado (26 de julho) quando ele celebraria seu jubileu de ouro de ordenação: ele se tornou sacerdote há exatamente 50 anos atrás nesta mesma Igreja. A celebração eucarística começou às 11 horas, sendo presidida pelo Provincial Frei Dieter e concelebrada por mais uns 20 frades (comunidade local e representantes dos conventos da Província), alguns padres diocesanos, um representante do arcebispo de Bamberg, e também por Dom Alberto Foerst, ex-pároco de Paranavaí, depois bispo de Dourados e atualmente vivendo na Alemanha, que se fez presente. O provincial me convidou para ser um dos dois concelebrantes junto com ele no altar. O outro foi Frei Elias, muito amigo de Frei Afonso e da Família. Estavam presentes na celebração os dois irmãos e duas irmãs do Afonso, além dos outros parentes: cunhada, sobrinhos, etc., muitos amigos e conhecidos (veio um ônibus de Dietendorf).Como penso que todos devem saber, fui enviado pelo nosso Comissário Geral para representar a todos no enterro do Frei Afonso, e fiz muita questão de deixar claro que eu estou aqui presente em nome de todo nosso Comissariado. Cheguei quinta-feira à noite e já na sexta-feira de manhã houve o enterro de outro confrade – Frei Andreas – que faleceu também na terça-feira. Neste mesmo dia já me encontrei com Georg e Walburga (irmão e cunhada de Frei Afonso), e eles demonstraram estar realmente muito contentes e agradecidos com nossa presença aqui. À noite, no pequeno distrito de Dietendorf (onde estava Afonso com seu irmão e cunhada neste último ano) participei de uma celebração pelos mortos, com salmos, cantos, leituras e preces por aquele que já partiu. Estava praticamente toda a família presente.
A celebração foi muito solene e reflexiva. Na homilia o Provincial lembrou das Bodas de Ouro do Afonso, do seu espírito missionário e do cuidado que a família (de forma especial Georg e Walburga) teve com Afonso neste último ano de seu “grande calvário”.
Após a comunhão, o representante do arcebispo falou em nome da diocese e também eu falei em nome de todo nosso Comissariado: fiz uma pequena introdução e depois li a carta que Frei Ivani enviou para a Provincia em nome de todos nós. Após a missa, o Provincial fez as exéquias: abençoou o corpo que estava num caixão lacrado na frente do altar, incensou e em seguida foi levado para a cripta. Como o lugar é pequeno, primeiramente somente os confrades e concelebrantes acompanharam a descida até a cripta. O povo acompanhou da Igreja, visto que era usado de dentro da cripta um microfone sem fio. Descer o caixão na cripta não foi algo fácil: duas escadas bastante inclinadas, estreitas e não muito curtas. Quatro confrades da Província carregaram e desceram com o caixão até colocá-lo na sepultura.
Na cripta o Provincial fez a bênção da sepultura: foram feitas preces, cantou-se um salmo e, por fim, o Flos Carmeli. Terminado o ritual do sepultamento, cada concelebrante e confrade aspergiam a sepultura e iam saindo em seguida para que os familiares também pudessem entrar. Algo interessante é que permanece em frente da sepultura (isso também durante o velório) um recipiente com água benta e aspergil, e todos que se aproximam para rezar pelo defunto também fazem a aspersão. A sepultura permanece ainda aberta esta semana, até que os pedreiros virão para fechá-la, e as pessoas podem ainda visitá-la e fazer sua oração.
Após o sepultamento, os confrades, concelebrantes e familiares foram convidados para almoçarem juntos no refeitório do convento. O Provincial me agradeceu pessoalmente por nós nos fazermos presentes. Georg e Walburga também se sentiram bastante confortados, visto o amor e contato de ambos com os carmelitas do Brasil. A todos eles mandam muitas lembranças e também agradecem tantas orações e e-mails que receberam.
Neste Domingo (27/07) a tarde irei visitar Dom Alberto Foerst. Ele foi embora muito rápido após a missa, pois parece estar com a saúde bem fragilizada, embora ainda caminhe com a ajuda de um aparelho. Segunda-feira passarei todo o dia em Dietendorf junto com Georg e Walburga, que me pediram também para ajudar na tradução (aquilo que eu conseguir) de inúmeros e-mails que receberam do Brasil e na formulação de uma “lembrancinha” em português para eu levar e ser distribuído no Brasil. Frei Tobias, que sabe muito bem português, vai ajudar.
Devo permanecer aqui uma semana, pois menos do que isso a passagem aérea ainda seria mais cara. Aproveitarei esses dias para relembrar um pouco do alemão, pois depois de quase dois anos sem praticar ficou bastante “enferrujado”. Tento me virar apenas, dá por gasto, mas é uma língua muito difícil. Infelizmente não poderei estar no retiro, para o qual já tinha me organizado e gostaría muito de me fazer presente.
Termino dizendo que, embora tenha sido uma viagem inesperada e muito rápida, aceitei para prestar um serviço ao Comissariado. É claro que é sempre também uma experiência interessante de conhecimento de uma outra cultura. Por exemplo, é bem diferente dos nossos enterros que acontecem em menos de 24 horas, mas os familiares e amigos permanecem sempre junto ao corpo, velando e rezando juntos. Aqui, com o caixão lacrado, parece que a pessoa já está sepultada.
Graças a Deus até agora ninguém tirou muito sarro pelo nosso vexame na Copa do Mundo, justamente contra eles. E eu nem sou bobo de tocar no assunto. Somente falei que na final muitos de nós também torcíamos por eles, só pra não ver os argentinos serem campeões. Parece que disto eles gostaram…
Agora só nos resta continuar rezando para que o nosso confrade Frei Afonso, que praticamente viveu toda a sua vida presbiteral em nosso meio, depois de tanto sofrimento e luta neste último ano pela sua sobrevida, esteja agora celebrando a vida sem fim na Páscoa definitiva onde todos nós estaremos e permaneceremos um dia”.
Bamberg, 26 de Julho de 2014
Fr. Claudemir Rozin O. Carm.