À espera de avião com montanha de dinheiro, Gana promete foco no jogo

BRASÍLIA – Enquanto os jogadores de Gana esperam um avião trazendo uma pequena fortuna, em dinheiro vivo, aterrissar em Brasília, o time promete manter o foco na partida de hoje contra Portugal.
Os atletas ameaçaram fazer uma greve antes da partida e chegaram a cancelar o treino programado para terça-feira.
Na coletiva à imprensa ontem, o técnico James Appiah não foi claro se dinheiro vem diretamente de Gana, mas disse que um avião deve aterrissar nas próximas horas.
Mas a federação de futebol disse que a quantia foi paga pelo governo ganense, após a intervenção direta do presidente John Dramani Mahama. A ideia é depois o governo ser ressarcido quando a Fifa pagar a premiação pela participação na Copa.
"Nenhum técnico gostaria de estar nesta situação, onde os jogadores estão pedindo dinheiro e vão jogar uma partida importante. Eu não durmo há duas noites, não é o melhor para mim. As coisas deveriam ter sido resolvidas antes, mas eu não conseguia mais repetir para os jogadores que o dinheiro iria chegar, iria chegar e iria chegar", afirmou.
O técnico evitou por duas vezes falar quanto será pago. De acordo com a imprensa de Gana, o valor deve chegar a US$ 100 mil. "É uma negociação, se eu revelasse os jogadores iriam me matar", disse Appiah.
Na entrevista, muitos se mostraram surpresos com a insistência de receber o dinheiro vivo. De acordo com Appiah, isso é comum em Gana.
"É o mesmo dinheiro que é pago a jogadores de todo o mundo. A prática tem sempre sido pagar em dinheiro há vários anos. Em segundo lugar, alguns jogadores não têm nem conta em banco. É difícil dizer que vão colocar o dinheiro numa conta, o sistema é completamente diferente", explicou.
O meia Christian Atsu foi direto. "Vamos colocar o dinheiro na mala, trancar e depois transferimos para nossa conta", disse, rindo.
Agora, a promessa é de foco na partida, mesmo com a crise interna.
"A partida é crítica para todo o povo de Gana. Para os jogadores, será ruim uma derrota porque as pessoas vão culpar a parte financeira. Então não temos outra opção além de deixar nossa nação orgulhosa", afirmou Atsu.