Uruguai teme surgimento de “narcoturismo” após regulamentação da lei

BUENOS AIRES – A nova lei que define quem pode fumar maconha no Uruguai proíbe que estrangeiros consumam a droga no país. A ideia é evitar o surgimento de uma indústria de narcoturismo.
Só quem tem cidadania por nascimento ou adquirida e residência no país pode se registrar para comprar maconha nas farmácias.
Esse é um dos pontos do texto criticados por ONGs e ativistas do país. Hernan Delgado, da Regulação Responsável, afirma que muitos uruguaios têm medo que o país seja visto como “o país das drogas, que permite o uso e até mesmo o promove”.
Os partidos de oposição ao presidente Mujica, como o Partido Nacional (ou Partido Branco) foram contrários à lei quando ela ainda era um projeto.
Delgado afirma ser favorável à proibição da venda aos estrangeiros no primeiro momento. Mas ele diz que, da maneira como a lei foi redigida, o mercado negro da droga, o dos traficantes ilegais, pode sobreviver. Outra possibilidade, diz, é que exista um “mercado cinza”, no qual uruguaios comprar maconha para vender aos turistas.
“O narcoturismo não vai surgir com a lei. Ele já existe no Uruguai e também no Brasil ou na Argentina”, afirma o ativista Julio Reys, da Rede de Usuários e Canabicultores.
A lógica dele é que turistas que consomem a droga vão procurá-la no país que visitam, não importa se há lei ou não.
“Essa parte da lei vai formar um microtráfico. Ela limita o progresso”, afirma.
Ambos afirmam considerar que a nova regra é um avanço, mas que esperam uma nova discussão, no futuro, para que a lei seja revista dando permissão aos turistas para comprar e usar maconha legalmente no Uruguai.
MERCOSUL – Só os uruguaios poderão se cadastrar para consumir maconha, mas o governo tem um projeto para facilitar, pelo menos aos cidadãos do Mercosul, a cidadania e o trâmite para ter residência fixa lá – pelo texto, o governo irá responder aos pedidos no prazo de até 30 dias e devem exigir menos requisitos para a autorização.