Relatório da OMS sobre depressão pode ainda não mostrar a realidade

Uma doença que apresenta dados alarmantes. Especialistas estimam que uma em cada cinco pessoas no mundo já apresentou ou pode apresentar o problema em algum momento da vida. A depressão, chamada por muitos como a doença do futuro, está mais presente do que se imagina.
Um novo relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a depressão como a quarta doença mais diagnosticada mundialmente, definindo como sendo a principal causa de doenças entre adolescentes, e o suicídio sendo a terceira maior causa de morte nessa faixa etária, perdendo apenas para a AIDS e acidentes de trânsito.
A OMS também estima que, até 2030, a depressão seja a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas.
Para a professora da pós-graduação em Saúde Mental do Centro Universitário Internacional Uninter, Dra. Magda Branco, os dados divulgados pela OMS ainda podem ser incertos.
“Esses dados podem não ser de fontes tão seguras, pois muitas pessoas que sofrem de depressão não buscam ajuda profissional, por falta de conhecimento ou orientação. Também ocorre de muitas pessoas não prestarem atenção aos sinais dados pelo corpo físico e emocional, por vezes julgando que faz parte de vida estar triste e sem vontade de fazer suas coisas”, afirma a psicóloga.
Ao contrário do que normalmente se pensa, fatores psicológicos e sociais são, muitas vezes, consequências e não causas da depressão, que é classificada pelos médicos como um transtorno de humor, e é vista como um problema complexo que pode se originar da interação de fatores ambientais, biológicos, psicológicos, sociais e pessoais. Biologicamente, é definida pelos psiquiatras como uma série de alterações químicas no cérebro, principalmente com relação aos neurotransmissores, substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células.
Os sintomas da doença, indicados pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, obra elaborada pela Associação Americana de Psiquiatria (APA), englobam perda de interesse ou prazer em quase ou todas as atividades habituais, alteração de peso ou apetite, insônia ou excesso de sono, agitação ou retardo psicomotor, redução de energia, sentimentos de inutilidade ou culpa excessivos, diminuição da capacidade para pensar ou concentrar-se, pensamentos de morte recorrentes e/ou ideias suicidas.
“Para se diagnosticar a depressão em seus vários níveis, é necessária a presença de cinco ou mais sintomas depressivos específicos, quase que diariamente, num período mínimo de duas semanas. Dentro desses sintomas deve estar presente, obrigatoriamente, um estado de ânimo depressivo ou a perda de interesse ou prazer. Não é normal uma pessoa deixar de fazer algo que gostava fazer ou não ter disposição para realizar suas atividades como antes. Quando estes sintomas aparecem com frequência e com mais intensidade, podem sinalizar que a pessoa está entrando em depressão”, define.
De acordo com a professora do Centro Universitário Internacional Uninter, os tratamentos nesses casos devem ser feitos tanto com o uso de medicamentos, uma vez que a doença acarreta sintomas físicos, quanto terapêutico, trabalhando a mente da pessoa depressiva. Porém, ela alerta que nunca deve-se tratar os sintomas biológicos e mentais separadamente.
“Sob o ponto de vista psicológico, é necessária uma análise comportamental do indivíduo, entender os determinantes da ocorrência do comportamento depressivo, identificar qual o efeito, sua frequência, duração, intensidade com que ocorre, e identificar as relações entre o comportamento e o ambiente externo onde esse indivíduo está inserido. A partir disso, trabalhar atividades guiadas que busquem melhorar o humor e os pensamentos negativos, fazendo com que deixem de exercer uma influência controladora sobre o comportamento e, assim, dando ao paciente maior senso de controle sobre a sua vida”, conclui.