Prefeitos suspeitos de desvio de R$ 70 milhões se entregam à PF

BRASÍLIA – Suspeitos de envolvimento em um esquema criminoso que a Polícia Federal (PF) afirma ter desviado pelo menos R$ 70 milhões dos cofres de 20 cidades baianas, os prefeitos de Fátima (BA), José Idelfonso Borges dos Santos (PDT), e de Sítio do Quinto (BA), Cleigivaldo Carvalho Santarosa (PDT), se entregaram à PF na manhã de ontem.
Além de Santos e de Santarosa, se entregaram, em Salvador, dois ex-secretários municipais e um funcionário da prefeitura de Fátima. Um empresário, cuja identidade não foi revelada, se juntou ao grupo. Com isso, subiu para 25 o total de suspeitos presos  na Operação 13 de Maio, deflagrada anteontem, pela PF, com apoio da Controladoria-Geral da União, da Receita Federal e da Previdência Social.
O esquema de desvio de recursos públicos das prefeituras baianas foi descoberto a partir de uma fiscalização de rotina feita pela CGU, em 2007, na cidade de Fátima, a cerca de 340 quilômetros da capital baiana, Salvador.
Em 2009, a CGU notificou a PF dos indícios de irregularidades. A investigação criminal foi iniciada em 2011, quando policiais federais passaram a monitorar os suspeitos de envolvimento com o esquema, acompanhando inclusive a movimentação financeira deles. A polícia garante ter encontrado indícios de que as irregularidades vinham sendo cometidas desde 2001. A estimativa de R$ 70 milhões é o valor mínimo desviado entre os anos de 2009 e 2014.
De acordo com a PF, o grupo usava empresas de fachada e laranjas contratados para serviços de engenharia, transporte escolar e eventos sociais. Entre outras coisas, o grupo desviava parte do dinheiro que deveria ser pago, a título de gratificações, a professores do ensino fundamental. A maior parte do dinheiro foi desviada do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação.
Anteontem, representantes de entidades que trabalham com educação reagiram com indignação ao saber que prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e servidores públicos de 20 cidades baianas são suspeitos de participar do desvio de pelo menos R$ 70 milhões de uma área sensível e carente de recursos como a educação.
“Isso é quase um homicídio coletivo, pois tira de milhares de crianças a possibilidade de receber uma educação de qualidade, única forma de elas romperem o ciclo de exclusão e de pobreza”, disse à Agência Brasil a diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, chamando a atenção para o fato de que os municípios baianos apresentam alguns dos piores indicadores em termos de qualidade da educação.