Ciúme doentio: entenda a síndrome de Otelo

A AGEPAZ é uma entidade sem fins lucrativos, que tem por objetivo promover o desenvolvimento humano e a melhoria da qualidade de vida, individual e em grupo e tem como MISSÃO facilitar a convivência e o fortalecimento de vínculos afetivos, através de projetos, programas e serviços, para proporcionar melhor qualidade de vida aos usuários.

Ciúme doentio: o distúrbio está registrado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
“Otelo, o Mouro de Veneza”, é uma obra do dramaturgo inglês William Shakespeare que conta a história de um homem que ama demais sua esposa.
Consumido pelo ciúme desmedido, ele acaba matando-a e descobrindo depois que ela não o havia traído como imaginara.
A obra, escrita por volta de 1603, levou até as últimas consequências sentimentos como amor, traição e ciúme doentio.
Para esse ciúme patológico designou-se o termo Síndrome de Otelo.
O distúrbio registrado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), envolve emoções como: dor, humilhação, raiva, tristeza, inveja, medo, pensamentos de culpa/comparação com o rival e autopiedade.
O termo foi sugerido em 1955 por neuropsiquiatras como um “complexo de pensamentos e emoções irracionais muitas vezes associado a comportamentos exagerados e violentos, derivados da exacerbada preocupação com a suposta infidelidade do parceiro baseada em provas inconsistentes e por vezes imaginárias”.
Comportamentos: ciúme doentio:
1º – Procura de forma compulsiva indícios de traição para confirmar seus anseios;
2º – Checa contas telefônicas, celular, telefona inúmeras vezes ao dia para o parceiro;
3º – Cheira roupas, verifica bolsos;
4º – Ameaça, se afasta do convívio social por achar que todos os indivíduos do sexo oposto querem tomar seu parceiro;
5º – Contrata detetives, segue o parceiro e pode estabelecer outras formas de vigilância.
A doença é tão grave que muitas vezes nada se encontra de pistas, mas a pessoa segue rastreando senhas e celulares, seguindo, controlando locais e horários, fazendo da vida do parceiro um verdadeiro inferno.

O tratamento deve ser meticuloso para descobrir as causas da patologia (doença). É preciso ver todo o histórico da pessoa e o que a outra está representando em sua vida e preenchendo.
A cura é possível sim, mas muitas vezes remédios são recomendados no auxílio do processo terapêutico e é sempre necessário fazer com que a pessoa perceba que está vivendo uma fantasia paranoica e certamente muito doente.

Tatiana Ades é psicanalista, escritora e teatróloga. Em seus livros, o foco de estudo é o comportamento humano e o amor patológico.

Colaboração: Vicente de Souza Ferreira – psicólogo da AGEPAZ