“Eu creio”, “nós cremos”…

EU CREIO… A obediência da fé… Obedecer (“Ob-audire”) na fé significa submeter-se livremente à Palavra ouvida visto que sua verdade é garantida por Deus, a própria Verdade. Desta obediência, Abraão é o modelo que a Sagrada Escritura nos propõe, e a Virgem Maria, sua mais perfeita realização.
Abraão – “O Pai de todos os Crentes”. A epístola aos hebreus no grande elogio à fé dos antepassados insiste particularmente na fé de Abraão: “Foi pela fé que Abraão, respondendo ao chamado, obedeceu e partiu para onde ia” (Hb 11,8). Abraão realiza assim a definição da fé dada pela epístola aos Hebreus: “A fé é uma posse antecipada do que se espera um meio de demonstrar as realidades que não se vêem” (Hb 11,1).
“SEI EM QUEM PUS MINHA FÉ” (2TM 1,12). Crer somente em Deus. A fé é primeiramente uma adesão pessoal do homem a Deus: e, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o assentimento livre a toda a verdade que Deus revelou. Como adesão pessoal a Deus e assentimento da verdade que ele revelou, a fé cristã é diferente da fé em uma pessoa humana. É justo e bom entregar-se totalmente a Deus e crer absolutamente no que Ele diz. Seria vão e falso por tal fé em uma criatura.
CRER EM JESUS CRISTO, O FILHO DE DEUS. Para o cristão, crer é inseparavelmente, crer naquele que Ele enviou “Seu Filho bem-amado”, no qual Ele pôs toda a sua complacência, Deus mandou que o escutássemos. O próprio Senhor disse a seus discípulos: “Crede em Deus, crede também em mim”. (Jo 14,1) Podemos crer em Jesus Cristo porque Ele mesmo é Deus, o Verbo feito Carne” “Ninguém jamais viu a Deus, o Filho Unigênito, que está voltado para o seio do Pai, este o deu, a conhecer.” (Jo 1,18). Por ter ele “visto o Pai” (Jo 6,46), Ele é o único que o conhece e pode revelá-lo.
A FÉ É UMA GRAÇA: Quando Pedro confessa que Jesus é o Cristo, Filho do Deus Vivo, Jesus lhe declara que esta revelação não lhe veio “da carne e do sangue, mas de meu Pai que está no céu”. A fé é um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por ele, para que se preste esta fé exigem-se a graça prévia e adjuvante de Deus e os auxílios internos do Espírito Santo, que move o coração e o converte a Deus, abre os olhos da mente e dá a todos suavidade no consentir e crer na verdade”.
A FÉ É UM ATO HUMANO – Crer só é possível pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito Santo. Mas não é menos verdade que crer é um ato autenticamente humano. Não contraria nem a liberdade, nem a inteligência do homem, confiar em Deus e aderir às verdades por Ele reveladas. Já no campo das relações humanas, nós confiamos nas outras pessoas. Por isso mesmo é conforme a dignidade “prestar”, pela fé à revelação de Deus plena adesão do intelecto e da vontade e entrar assim, em comunhão íntima com ele.
O motivo de crer não é o fato de as verdades reveladas aparecerem como verdades inteligíveis à luz de nossa razão natural. Cremos “por causa da autoridade de Deus que revela e que não pode nem enganar-se, nem enganar-nos. Para que o obséquio da nossa fé fosse conforme a razão, Deus deu motivos de credibilidade à Revelação adaptados à inteligência que mostram que o assentimento da fé não é “de modo algum um movimento cego do espírito.
A FÉ PROCURA COMPREENDER: é característica da fé, o crente desejar conhecer melhor “Aquele em quem pôs sua fé e compreender melhor o que ele revelou – um conhecimento mais penetrante despertará por sua vez uma fé maior, cada vez mais ardente de amor. Santo Agostinho diz: “Creio para compreender, e compreendo para melhor crer”.
FÉ E CIÊNCIA – “Porém, ainda que a fé esteja acima da razão, não poderá jamais haver verdadeira desarmonia entre uma e outra, porquanto o mesmo Deus que revela os mistérios e infunde a fé dotou o espírito humano da luz da razão, e Deus não poderia negar a Si mesmo, nem a verdade jamais contradizer a Verdade”. Para que o ato de fé seja humano, “o homem deve responder a Deus, crendo por livre vontade”. Por conseguinte, ninguém deve ser forçado contra sua vontade a abraçar a fé. Pois o ato de fé é por sua natureza voluntária.
A FÉ É UM ATO PESSOAL: a resposta livre do homem à iniciativa de Deus que se revela. Ela não é, porém, um ato isolado. Ninguém pode crer sozinho, assim como ninguém pode viver sozinho. Ninguém deu a fé a si mesmo, assim como ninguém deu a vida a si mesmo. O crente recebeu a fé de outros, deve transmiti-la a outros. Nosso amor por Jesus e pelos homens nos impulsiona a falar a outros da nossa fé. Cada crente é como um elo na grande corrente dos crentes. Não posso crer sem ser carregado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo para carregar a fé dos outros.
“EU CREIO”: esta é a fé da Igreja, professada pessoalmente por todo crente, principalmente pelo batismo. “Nós cremos”, esta é a fé da Igreja confessada pelos bispos reunidos em Concílio ou, mais comumente pela Assembléia Litúrgica dos crentes! “Eu Creio” é também a Igreja, nossa Mãe, que responde a Deus com sua fé e que nos ensina a dizer: “Eu Creio”, “Nós cremos”.
(Catecismo da Igreja Católica – nºs 144 a 160).