Conselho Municipal de Saúde aponta atraso em quase 13 mil exames e consultas desde 2011

E se você tivesse de esperar por três anos para fazer consulta ou exame pelo Sistema Único de Saúde (SUS)? Em Paranavaí, existem pacientes nesta situação: conforme apontamento feito pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS) são 12.906 procedimentos atrasados desde 2011.
O presidente do CMS, Waldur Trentini, informou que os dados foram fornecidos pela própria Secretaria Municipal de Saúde, com a ressalva de que podem variar devido à demora no atendimento e à possibilidade de o paciente ter buscado alternativas para ser atendido.
O levantamento da Secretaria de Saúde teria mostrado, por exemplo, que as consultas atrasadas para oftalmologia somam 3.253, e no caso da ortopedia, 2.478. De acordo com Trentini, um novo relatório estaria sendo preparado pela equipe técnica da prefeitura.
Diante dos fatos, os integrantes do CMS – que se reuniram na manhã de ontem – decidiram cobrar da Administração Municipal a fixação de diretrizes claras sobre atendimento, consultas e exames. O objetivo é fazer o devido esclarecimento para os usuários sobre o agendamento de horários.
Conforme destacou Trentini, “usuários da saúde têm reclamado dos procedimentos da Secretaria quanto à marcação de consultas de especialidades, informando que muitas vezes precisam deslocar-se para várias unidades até conseguir o atendimento”.
O secretário de Saúde, Agamenon Arruda de Souza, disse que o número divulgado pelo CMS não condiz com a realidade, já que muitos pacientes fazem três, quatro ou até mais encaminhamentos para a mesma consulta ou o mesmo exame.
Só para se ter uma ideia da gravidade do problema, a cada mês são perdidas 100 ultrassonografias em Paranavaí. “As pessoas marcam o exame e não vão”, explicou Souza. E continuou: “O paciente que marca e não vai, fica permanentemente na lista de espera”.
Segundo o secretário, a taxa de pedidos repetidos feitos pelos pacientes reduziu drasticamente desde novembro de 2013, aproximadamente 70%.
O desencontro de informações estaria na mudança de sistema de dados, realizada no ano passado, mas não existem números exatos sobre a diferença entre o que foi apontado pelo CMS e o que de fato há no banco de dados.
Na avaliação de Souza, há um grande descaso por parte de alguns usuários do sistema público de saúde. “Quando é de graça, ninguém tem responsabilidade. Se pagassem, iriam”. Para ele, tal atitude dos pacientes prejudica todo o sistema de atendimento à população.