Inflação cai e fica abaixo do esperado em janeiro

RIO DE JANEIRO – Após o "susto" de dezembro, a inflação começou o ano menos pressionada, passado o período de pico do impacto do reajuste da gasolina.
Nesse cenário, o IPCA, índice oficial, subiu 0,55% em janeiro, abaixo das expectativas de analistas, ao redor de 0,60%. Foi a menor taxa para janeiro desde 2009 e trouxe alívio ao mercado, que respondia ao repique de dezembro, quando o índice bateu em 0,92%, segundo o IBGE.
A taxa em 12 meses caiu de 5,91% para 5,59% – abaixo do teto da meta, de 6,5%.
Apesar da freada, não é esperado um afrouxamento da política de alta dos juros, já que ainda pairam o repasse da valorização do dólar aos preços ao consumidor, um provável reajuste maior das mensalidades escolares neste mês, aumentos de ônibus e dúvidas sobre como chegará às tarifas o custo maior de usar energia termelétrica.
Outro foco de preocupação é o "espalhamento" dos produtos em alta -mais de 70% do índice, num nível "desconfortável", segundo economista do banco Fator.
"Persistem ainda as incertezas com relação ao impacto da desvalorização do dólar sobre os preços no varejo", diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe da instituição.
Em janeiro, alguns alimentos, como pão, biscoito, ovos e carnes, já subiram na esteira do câmbio – os dois últimos também em razão da seca atípica deste verão, que fez subir também frutas, verduras e legumes e tende a intensificar esse efeito em fevereiro.
Os itens de alimentação avançaram 0,84% em janeiro, quase no mesmo ritmo de dezembro (0,89%). Foi, porém, a deflação de 0,03% de transportes a responsável pela freada do IPCA. O grupo sofreu influência da menor alta da gasolina (0,60%, após 4,04% em dezembro) e da retração de 15,88% nas passagens aéreas.