Atletas dizem que jogar domingo foi “um fracasso”
Os jogadores do Corinthians afirmaram ontem que ir a campo para enfrentar a Ponte Preta no domingo, em Campinas, um dia após a invasão do centro de treinamento (CT) por torcedores, foi um "fracasso". Segundo os atletas, o elenco recuou da decisão inicial de não disputar a partida "por causa dos riscos contratuais do clube com os patrocinadores, com a Federação Paulista de Futebol, com a Rede Globo de Televisão e em respeito à verdadeira torcida corintiana". "Admitimos o nosso fracasso dentro de campo nos últimos meses e admitimos um fracasso ainda maior por termos ido a campo no último final de semana quando, na verdade, poderíamos ter dado um basta a essa situação e chamado a atenção de todo o país, das autoridades, dos clubes e dos organizadores dos campeonatos para uma tragédia que há de acontecer se nada for feito para estancar a violência em todos os níveis do futebol", diz o elenco em nota oficial publicada no site do clube. Os jogadores afirmaram ainda que incidentes como o do último sábado mostram que o futebol está próximo de viver uma grande tragédia. Na invasão, cerca de 200 torcedores entraram no CT na zona leste da capital, agrediram o atacante Guerrero e roubaram celulares. "As cenas grotescas vividas neste último sábado por nós jogadores e por todos os funcionários do SCCP determinam que uma tragédia sem precedentes está prestes a ocorrer no ambiente de trabalho de qualquer clube de futebol profissional no país, e nós não seremos coniventes com isso". Apesar do tom forte das declarações, a nota não fala sobre uma possível desistência do Corinthians de enfrentar o Bragantino, hoje, no Pacaembu. O movimento Bom Senso FC articula uma greve dos jogadores no Paulista devido à violência da torcida corintiana. A invasão deixou marcas no Corinthians. Os carros do zagueiro Paulo André e do auxiliar de preparação física Flávio Grava, filho do médico Joaquim Grava, foram destruídos. Três celulares, um deles que pertencia ao meia Ramírez, e um rádio foram roubados. Uma porta de vidro do local foi quebrada. Além disso, o atacante Guerrero chegou a ser esganado por um dos torcedores.