Ao lançar programa, Eduardo Campos diz que governo “parou” e “saiu dos trilhos”
Como era esperado nos bastidores políticos, o lançamento das diretrizes do programa de governo da dupla Eduardo Campos-Marina Silva se transformou ontem em um palco de ataques ao governo de Dilma Rousseff, que foi classificado como "mofado" e "fora dos trilhos". Tomando o cuidado de separar as gestões de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), de quem foram ministros, da de Dilma, os dois subiram o tom nos ataques ao Palácio do Planalto. "Não dá para tolerar mais esse pacto social e político que mofou e que não vai dar nada de bom e de novo ao povo brasileiro", discursou Campos, que é governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB. Para ele, o governo está estacionado. "Há uma clara percepção das pessoas que estão vendo que o país parou, que o país saiu do trilho". No evento, realizado em auditório da Câmara dos Deputados, Campos e Marina lançaram cinco prioridades para sua eventual gestão, sempre ressaltando o mote, já declarado, de que as conquistas econômicas da gestão de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e as sociais de Lula devem ser preservadas. Em sua fala, Mariana frisou que o cabeça de chapa da coligação é Campos – "Se Deus quiser o futuro presidente do Brasil" -, foi tratada como vice, embora diga que ainda não definiu isso, e também centrou ataques ao governo. Segundo ela, o "entulho da velha política atrapalha o país", já que a prioridade seria o arranjo eleitoreiro em detrimento dos reais interesses do país. SOLENIDADE – Participaram da solenidade os principais dirigentes do PSB e da Rede, o grupo político de Marina, que se uniram em outubro após a ex-senadora ver fracassado seu projeto de criar um partido. Além deles, estiveram presentes políticos de outras legendas, especialmente do PDT os senadores Pedro Taques (MT) e Cristovam Buarque (DF). Na introdução e na conclusão do programa são ressaltados que o atual modelo político e de desenvolvimento econômico e social está esgotado. "O modelo esgotou-se a olhos vistos, mas as forças políticas que o operam esforçam-se para mantê-lo, negociando pedaços do Estado e entregando-os ao atraso para se manterem no poder".